São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996 |
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'Não pensem que vão ter votos', diz FHC
SILVANA DE FREITAS
"Não pensem que vão ter voto não fazendo aquilo que é necessário. Se hoje sou presidente da República aqui, é porque eu pedi, não muitas vezes, pedi que dissessem 'não' ao aumento irresponsável do salário." O presidente negou que pretenda fazer "perseguições" (aos deputados que votaram contra o relatório), mas disse que não recuará na defesa da aprovação das reformas. "Vamos enfrentá-los (os problemas) com generosidade, com coração aberto e sem perseguições", disse. Ele negou que condicione a ação do governo ao apoio político. "Nunca perguntei se o prefeito é desse ou daquele partido, nem a ministra, nem o governador. Nunca perguntei de que partido é, se fazia oposição a mim ou não." Eleitoralismo As declarações foram feitas durante solenidade de lançamento de um plano de turismo para 96-99. FHC afirmou que "o povo não quer mais ser enganado e cansou de eleitoralismo, cansou daqueles que se amedrontam diante do tamanho dos problemas". Segundo ele, a sociedade "já sabe separar o joio do trigo" e "já percebe quem está agindo de boa-fé". Ele disse que os que falam "não" hoje poderão dizer "sim" amanhã e "se beneficiarão com o apoio do povo". Afirmou que continuará "assim até o fim, dizendo 'não' ao que não for possível". A reação à aprovação da CPI para o sistema financeiro incluiu críticas indiretas ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), apontado por governistas como o líder do movimento pela criação dessa comissão. FHC fez duas referências indiretas ao ex-presidente. Disse que a inflação, "no passado", era de 40% ao mês, "porque havia aquele espírito fácil de ceder ao primeiro apelo demagógico". José Sarney deixou a Presidência com uma inflação de 80%. Segundo FHC, "o caminho do Brasil novo é o da confiança na competência e na clareza". O presidente também disse que "a sociedade foi muito malcuidada pelos seus governantes", mas amenizou esse ataque dizendo que a responsabilidade por esse tratamento não era dos ex-governantes, mas do "sistema de governar". Turismo FHC fez o discurso para cerca de 800 pessoas entre parlamentares, prefeitos, empresários e lobistas do setor de turismo no lançamento da Política Nacional de Turismo. Foi aplaudido quando disse: "Eu gostaria que aqueles que são responsáveis por decisões nacionais cruciais tivessem a mesma visão que nós temos e dessem um voto generoso no momento em que o Brasil precisa de mudança, reforma para ir para a frente". A cerimônia de lançamento da política de turismo para o período entre 1996 e 1999 foi tumultuada. Os 800 participantes se aglomeraram num salão do segundo andar do Palácio do Planalto. Havia muito barulho durante o discurso. FHC foi assediado por prefeitos que queriam fotos ao seu lado, no momento em que se deslocou para um salão, onde acessou por um terminal o programa de turismo brasileiro na Internet. LEIA MAIS sobre a solenidade no Palácio do Planalto à pág. 2-4 Texto Anterior: FHC inicia amanhã viagem ao Japão Próximo Texto: PFL pede a presidente fim de ameaças a deputados Índice |
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