São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Deputados justificam "traição"

AUGUSTO GAZIR; ELZA PIRES DE CAMPOS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desatenção do governo com o Congresso e os Estados, interesses da base eleitoral e o fim da aposentadoria por tempo de serviço foram as principais justificativas de deputados governistas para votar contra a reforma da Previdência.
A Folha ouviu ontem 31 dos 92 deputados governistas que, anteontem, votaram contra o relatório de Euler Ribeiro (PMDB-AM).
Alguns definiram como "prepotente" a relação do governo com o Congresso Nacional.
"O professor Fernando Henrique está acostumado a dar lições e desabituado a recebê-las. A votação foi uma lição para ele", disse Gilvan Freire (PMDB-PB).
Amélia
Toda a bancada de Rondônia votou contra a reforma, como protesto à desatenção do governo.
Segundo Emerson Olavo Pires (PMDB), a BR-364, que corta o Estado, está em "péssimas" condições. "Não aceitaria o sacrifício político de votar na proposta por um governo que não dá atenção ao meu Estado", disse Pires.
Ele afirmou não querer ser a "Amélia, a mulher de verdade" do governo. "A gente lavou a alma na votação", afirmou.
Para Albérico Cordeiro (PTB-AL), o governo vem tratando mal os parlamentares. "Um senador esperou uma hora e meia e não foi recebido por um ministro. Não quero favor pessoal, quero ser tratado como um representante."
Compromissos
Roberto Paulino (PMDB-PB) afirmou que votou contra por "compromissos assumidos com sua base eleitoral, funcionários públicos e trabalhadores em geral".
Segundo o deputado Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP), a proposta não atende às reivindicações de aposentados e pensionistas, sua base eleitoral. "A proposta não previa a reposição das perdas salariais dos aposentados", disse.
"A proposta é inconstitucional porque acaba com o direito adquirido da aposentadoria por tempo de serviço" afirmou Ivandro Cunha Lima (PMDB-PB).
A deputada Rita Camata (PMDB-ES) disse que houve um procedimento equivocado durante toda a discussão do substitutivo. "Faltou diálogo e informações."
"As negociações foram conturbadas, e o plenário não estava esclarecido da proposta" disse Cássio Cunha Lima (PMDB-PB).

AUGUSTO GAZIR e ELZA PIRES DE CAMPOS

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