São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Diretor falta e o BC é criticado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central recebeu ontem uma carta de repúdio da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado devido à recusa do chefe da Fiscalização do BC, Adílson Ferreira, em comparecer ao depoimento marcado para ontem.
Ferreira foi chamado à CAE para esclarecer a contabilidade paralela do Banco Nacional e suas declarações anteriores de que o BC já conhecia as fraudes desde outubro, refutadas depois pelo governo.
O BC decidiu que Ferreira não comparecerá sozinho à comissão. Em contato anteontem com o presidente da comissão, Gilberto Miranda (PMDB-AM), o BC pediu que o funcionário fosse acompanhado do diretor de Fiscalização, Cláudio Mauch.
Miranda, defensor da CPI dos bancos, irritou-se com a atitude do BC. "Nós não convidamos Mauch e o funcionário não precisa de seu superior hierárquico para prestar esclarecimentos aos senadores."
Mas o governo conseguiu se safar da ofensiva de Miranda. O senador determinou à sua assessoria que procurasse na legislação uma forma de obrigar o funcionário do BC a comparecer à comissão, mas nada foi encontrado.
Ontem, na sessão esvaziada da CAE, restou a Miranda fazer novo convite a Ferreira, marcando depoimento para terça-feira -frisando, porém, que o convite não é extensivo a Mauch.
Ainda no documento enviado ao BC, a CAE manifesta repúdio à ausência do funcionário na sessão de ontem, considerada por Miranda "injustificável".
Por trás da recusa de Ferreira em comparecer está o temor do governo de que volte à tona a versão de que o presidente Fernando Henrique Cardoso sabia das fraudes do Nacional antes da incorporação pelo Unibanco, em novembro.
Sob anonimato, integrantes do BC e da Fazenda afirmaram, na semana passada, ter tido conhecimento de irregularidades em outubro, e que FHC teria sido informado. Também na semana passada, Ferreira disse ter sido comunicado do caso em outubro, pelo presidente do BC, Gustavo Loyola.

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