São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Advogado questiona resultado de exame

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado do engenheiro agrônomo Frederico Araújo, 33, Gontran Guanaes Simões, disse ontem desconfiar do laudo do exame residuográfico que o aponta como autor do disparo que matou o pai, o empresário Ney Bittencourt de Araújo, 59, dono da Agroceres, no dia 14 de janeiro.
"Não conheço o laudo do exame, mas estranhei o prazo para a sua conclusão, longo demais", afirmou o advogado.
Ele disse que nos próximos dias deve entrar com pedido de habeas corpus para revogar a prisão temporária, válida por 15 dias.
Frederico nega a autoria do crime. Ele foi preso anteontem na cidade paranaesne de Pato Branco.
Ele estava na casa do sogro, o empresário Ulisses Matioda, quando recebeu a voz de prisão. Ele negou que tivesse fugindo da polícia, afirmando que passava férias com a mulher na casa do sogro.
Ney foi morto em seu apartamento, na alameda Jaú, nos Jardins (região oeste de São Paulo), com um tiro no coração.
Frederico retirou o corpo do pai do apartamento com a ajuda do zelador do prédio, Antônio Galdino de Souza.
Ele afirmou na ocasião acreditar que o pai havia cometido suicídio ou que havia disparado a arma, um revólver calibre 38, acidentalmente enquanto a limpava.
A polícia chegou à conclusão de que o filho era o assassino de Ney Bittencourt com base em um exame residuográfico que aponta traços de chumbo nas mãos de Frederico.
O exame foi feito cerca de três horas depois do crime, porque havia a suspeita de que não se tratava de um caso de suicídio.
Segundo o diretor-técnico do Instituto de Criminalística, Osvaldo Negrini Neto, 46, responsável pelo laudo, a confiabilidade do exame é de 100%.
O mesmo exame foi feito nas mãos de Ney e do zelador, mas deu negativo para chumbo. Em uma das mãos de Ney foram encontrados traços de uma liga de zinco e cobre.
Segundo Negrini Neto, a presença desta liga na mão de Ney indica que ele pode ter tentado se proteger ao receber o disparo.
Frederico deve prestar hoje um novo depoimento à polícia. Em seguida, ele será transferido para uma cela especial no 91º DP (Vila Leopoldina), a que tem direito por ser formado em curso superior.
Além de comandar o grupo Agroceres, Ney Bittencourt de Araújo era presidente da Associação Brasileira de Agrobussiness.
Frederico era cotado para substituir o pai no comando da empresa.

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