São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Jornalista e corretoras são apenas boas amigas

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Conversei ontem ao telefone com Maria Hermann, a jornalista detida, entre outras acusações, por praticar sexo explícito sobre o capô de um Santana com a corretora de imóveis Marlene Miranda Pereira.
Na sua versão dos fatos, por volta das 22h de quarta, Maria, muito da sóbria, passou na casa da amiga, que conhece há três semanas, para ir "resolver um negócio imobiliário".
Marlene e Maria saíram de carro, acompanhadas por suas respectivas cadelinhas Pamela e Cibele, para visitar uma casa em Perdizes. Ao passar pela rua Tajipuru, resolveram parar na frente de uma barraquinha de churrasco a fim de fazer um inocente lanche.
Quando Marlene desceu para pegar espetinhos, a cadela fugiu. Digo, o fox paulistinha Cibele saiu correndo. Maria foi atrás. Nesse momento, sem mais nem menos, um policial deu ordem de prisão às duas.
Tudo bem, carne de barraca de rua, a gente sabe, não é nenhum filé mignon. Mas prender Maria e Marlene só por comer espetinho de gato? Que injustiça! "Eles alegam que bati numa kombi. Então por que meu carro não está nem amassado?", indaga.
Maria, que afirma ser candidata a vereadora pelo PDT nas próximas eleições, faz denúncias barras-pesadas contra a PM. Diz ter sido presa porque "forças ocultas" conspiram para prejudicar seu projeto político, "o mais nobre e lindo do universo".
Sinta só: "Já recebi ameaças de morte de gente que não quer o fim da indústria da miséria e não admite que eu toque meu projeto de construção de centros de lazer e equilíbrio".
Como o mundo é pequeno. Maria é amiga de Bete Cursino, aquela senhora que foi forçada a sair de sua residência no Sumaré, com mais de cem cães, porque a vizinhança não suportava o cheiro vindo da casa.
"Ajudei a Bete a fazer a mudança e estava justamente procurando uma nova casa para ela quando fui detida injustamente", diz.
Segundo Maria, Bete também foi vítima de "forças ocultas". "A prefeitura nunca recolheu o lixo na casa dela no Sumaré", acusa. Quanto às fotos de Maria beijando a amiga corretora na boca, ela diz simplesmente: "É tudo fotomontagem".

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