São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Preço ao consumidor deve subir até 16,2%

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O impacto da liberação dos combustíveis sobre o consumidor deverá ser de 12,1% a 16,2% naquelas regiões em que o preço da gasolina e do álcool deixará de ser controlado pelo governo, como o Estado de São Paulo, por exemplo.
O preço do combustível será mais barato nas cidades próximas à refinaria e irá subindo de valor à medida em que as localidades ficam mais distantes.
O motivo é que o custo do frete passará a ser o fator determinante do preço do combustível na bomba, a partir do anúncio da liberação.
Os estudos propõem a liberação em todas as capitais da região Centro-Sul (GO, MG, SP, RJ, PR, SC,RS e DF e parte do MS), podendo ser estendida às maiores cidades do interior destes Estados.
Algumas localidades menores do Centro-Sul e também as Regiões Norte e Nordeste ficarão de fora da primeira etapa da liberação.
A medida está sendo planejada para entrar em vigor na próxima semana e será antecedida de um reajuste de quase 14,5% nos preços de refinaria dos combustíveis, através de portaria do Ministério da Fazenda.
A decisão final deverá ser tomada hoje pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, pois amanhã ele viaja para o Japão. Apenas se houver alguma dúvida substancial é que o reajuste e a liberação ficarão para depois do dia 16, quando FHC retorna da viagem.
A Folha apurou que o impacto ao consumidor foi detalhadamente calculado pelos técnicos do Ministério da Fazenda e do DNC (Departamento Nacional dos Combustíveis), por meio de projeções dos vários cenários determinados pela extinção do subsídio ao frete a partir da liberação.
As distâncias da refinaria e o valor do frete, seja por caminhões ou por trens da Rede Ferroviária Federal, resultaram em uma equação que apresenta como "aceitável" uma variação máxima de 1,5% além do índice de reajuste na refinaria.
Nas localidades muito próximas, poderá haver uma redução de 2%, pois o custo do frete será inferior ao sistema de subsídio atualmente em vigor.
O Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Derivados de Petróleo) foi convocado pelo governo na última semana, para ser alertado da necessidade de se observar esses índices.
O governo avisou ao Sindicom que não quer nenhuma distribuidora agindo como se a liberação fosse a solução para a obtenção de lucros acima dos níveis internacionais do setor.
Um remarcação além do necessário poderá resultar em uma corrida generalizada de preços em toda a cadeia da economia e, consequentemente, provocará aumento nos índices de inflação, com prejuízo para o plano real.
A liberação tem como objetivo solucionar o rombo provocado pela "conta-álcool", administrada pela Petrobrás. Estes prejuízos são de aproximadamente R$ 120 milhões mensais.
Com o fim do rombo e o aumento das margens dos usineiros, o governo espera viabilizar a retomada do Proálcool, que também terá uma série de medidas de incentivo.
Segundo José Maurício Soares, supervisor da pesquisa de preços do Dieese, se os combustíveis subirem 15%, o impacto no índice do custo de vida dos paulistanos será de 0,15 ponto percentual. Se o aumento valer a partir da metade do mês, ele será dividido entre os índices de março e abril.

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