São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Anzu reverencia os pequenos seres vivos

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Espetáculo: "The Insect - From the Kingdom of Silk and Honey", com Anzu Furukawa
Quando: hoje e amanhã às 21h e domingo às 20h
Onde: Teatro do Sesc Pompéia (Rua Clélia, 93; tel. 864-8544)
Ingressos: R$ 20,00; R$ 19,00 e R$ 10 (comerciários e estudantes)

A bailarina e coreógrafa Anzu Furukawa, uma das mais importantes expressões femininas do butô, estréia hoje no Teatro do Sesc Pompéia, a última parte da antologia que vem dedicando aos seres vivos.
"The Insect - From the Kingdom of Silk and Honey" estreou em 1994 na Finlândia. As peças que antecedem "O Inseto" são "Cachorro", que marcou o início da série em 1987, "Elefante"', "Pássaro" e "Crocodilo".
"Pesquisar seres mais remotos que o homem me faz compreender o ser humano em si. Não estou preocupada com a maneira como entendemos os insetos à primeira vista, mas sim com a vida primitiva que eles encerram", diz a artista, nascida em Tóquio há 42 anos e atualmente morando na Alemanha.
Para Anzu, o mundo misterioso dos insetos inclui também as larvas, amebas, bactérias e bichinhos quase invisíveis que se proliferam nas águas paradas. "Existem seis milhões de espécies de insetos. Alguns possuem somente uma célula. Como elementos constitucionais da vida são tão primitivos que nos permitem chegar mais perto do que é a existência no sentido amplo."
Desde que começou a explorar o universo quase subterrâneo dos insetos, Anzu fez do microscópio uma mania. "Um aparelho super potente que descobri num mercado das pulgas da Rússia me permite ver os movimentos dos insetos em várias dimensões. Descobri um mundo extraordinariamente belo e um de meus bichos preferidos é uma ameba em forma de sino, cuja movimentação é divinamente elegante."
Dividido em duas partes, "O Inseto" tem músicas de Schoenberg e de dois compositores contemporâneos japoneses, Shuichi Chino e Aki Takase. No primeiro ato, Anzu faz uma espécie de inventário do mundo dos insetos. "Interiorizo este universo até que os movimentos apareçam em mim", diz.
Na segunda parte do espetáculo, Anzu usa os insetos como metáfora do cotidiano. "No Japão, o inseto também significa o homem em seu estado mais degradante. Por meio desta analogia, procuro desenvolver uma reflexão sobre a condição humana", afirma.

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