São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente se preocupa com os credores externos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem a filiados do PSDB que a rejeição à proposta da reforma da Previdência foi uma "irresponsabilidade", pois abalou os títulos brasileiros no exterior e a credibilidade dos investidores.
FHC fez um balanço de sua gestão, cobrou dos tucanos a unanimidade do partido e pediu que eles defendam as mudanças na Constituição, porque o governo "vai ganhar as reformas".
O presidente disse aos cerca de 25 tucanos presentes ao encontro que, se prestarem atenção ao que aconteceu nos últimos dias, "vão ver que uma pequena movida aqui, que não tenha sido feita com a cautela necessária, derruba os títulos brasileiros no exterior, porque os investidores já pensam: 'O que aconteceu?"'.
Em seguida, FHC desabafou: "Muitas vezes, as pessoas que fazem isso cantam o Hino Nacional, quando deviam estar chorando de tristeza pela irresponsabilidade cometida".
Na quarta-feira, ao se anunciar o placar desfavorável ao governo, deputados de oposição aplaudiram e cantaram o hino no plenário da Câmara. Depois se deslocaram para o Senado e voltaram a se manifestar da mesma forma.
FHC disse que vai insistir com as reformas. "Elas são necessárias para o país. Eu tenho tranquilidade quanto às reformas, eu confio no Congresso", afirmou.
Lembrando que foi senador e que por isso conhece os "vaivéns" da vida parlamentar, Fernando Henrique disse ter certeza de que "o Congresso é um dia uma coisa outro dia é outra". "São momentos que passam", completou.
"Mas de qualquer forma sempre tem um rumo, o rumo das mudanças". FHC disse que está disposto a ouvir o ponto de vista de quem quer que seja, "desde que seja argumentado, que não seja um disparate e que tenha em mira o interesse da maioria, o interesse do povo brasileiro".
Ao PSDB, Fernando Henrique pediu que argumente e explique realmente que as reformas interessam ao país "e que não é simplesmente uma demagogia".
Afirmou também: "Não podemos ser surpreendidos por algumas afirmações (contrárias às reformas) que não correspondem nem ao nosso desejo nem à realidade, que por razões políticas atropelam o nosso objetivo e confundem a consciência da população".
Numa espécie de balanço de seu governo, FHC disse que está fazendo "uma revolução branca no país", expressão que serve para designar mudanças socioeconômicas radicais por meio da via institucional.
O presidente declarou ainda que promoveu "a maior distribuição de renda que já houve na história do Brasil", contendo a inflação sem ter recessão.
FHC disse que, ao contrário do que se dizia na época do milagre econômico brasileiro (1968-1973), "não é primeiro cresce para depois distribuir (a renda)". Segundo ele, "nós estamos crescendo e, ao mesmo tempo, distribuindo renda e atendendo às questões sociais".

Texto Anterior: Crise adia votação de emenda de reeleição
Próximo Texto: Mulheres invadem fazenda em protesto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.