São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Milão sai na frente com anos 70

COSTANZA PASCOLATO
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MILÃO

Apesar de ter começado dia 1º de março, a semana de moda de Milão só tomou fôlego no final, quando aconteceram os desfiles realmente influentes.
Os aviões Concorde trouxeram os grandes jornalistas e compradores americanos no dia 5, juntamente com Woody Allen. E aí verdadeiramente o show começou.
Esta cidade tornou-se há algumas estações a principal lançadora de tendências porque aqui desfilam Gucci e Prada, neste momento as marcas mais copiadas do planeta.
O engraçado é que as duas são sobretudo grifes de acessórios de couro que migraram para a moda como estratégia de marketing, renovando assim sua imagem de empresas tradicionais.
A tarefa mais "fácil" foi a da estilista Miuccia Prada. Retomou a Fratelli Prada (empresa fundada pelo avô, especializada em bolsas e malas), tornando-a, devagar, uma marca de moda.
Para isto, não trilhou somente o caminho do luxo, mas acrescentou ingredientes capazes de seduzir imprensa e clientela: ousadia e capacidade de antecipar tendências. Coisa até então feita pelos muito jovens, sem dinheiro, que compram roupa em brechó. Arriscou e venceu. Com coragem, informação e sensibilidade.
Outra é a história da Gucci. Já foi marca de moda hype nos anos 60, até o desgaste e até mesmo quase desastre. Também empresa familiar, passou por inúmeros escândalos. Hoje pertence a um grupo financeiro árabe.
Tom Ford, texano de 34 anos, foi há cinco anos contratado como estilista. Hoje é diretor de criação, cuida da imagem das campanhas publicitárias e da imagem das lojas em todo o planeta. Pessoa fundamental no ressurgimento da Gucci. E é muito mais difícil levantar uma imagem despencada do que criar uma nova.
Para o outono-inverno 96/97, Milão mergulha outra vez na onda retrô. Desta vez os 70, sobretudo os melhores momentos de Saint Laurent, foram interpretados -ou massacrados- por praticamente todos. Até mesmo Gucci e Prada.

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