São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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As omissões do BC

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

As intervenções nos bancos Econômico e Nacional têm um lado bom. Estão tornando públicas a conivência, a promiscuidade na aplicação de dinheiros públicos em alguns bancos privados e a sensação de estar acima de qualquer julgamento, que caracterizaram o comportamento de várias diretorias do BC.
Em seu depoimento, o presidente do BC, Gustavo Loyola, questionado sobre as fraudes do Nacional, jogou a culpa nos funcionários da fiscalização do BC. Que amigão!
Mas não creio que seja isso o que mostrariam os arquivos do BC. No caso do Econômico, a fiscalização do BC logo mostrou documentos que desde 1989 vinham apontando irregularidades, mas as diretorias do BC nada fizeram.
No caso do Nacional, o pessoal da fiscalização está mudo. Isso pode significar que ou não detectaram nenhuma das fraudes, ou que já sabiam e motivos de "força maior" fazem com que se calem.
Isso pode ser esclarecido pela CPI dos bancos, com um pedido de consulta aos arquivos da fiscalização do BC. Fácil e com o potencial de comprovar responsabilidades.
Ainda no caso Nacional, gente do mercado diz que seria impossível ao BC não ter detectado as vultosas remessas ao exterior feitas nos dez dias anteriores à intervenção. Quanta coincidência, não é?
Consta que uma empresa do banco, instalada nas Ilhas Cayman, comprou milhões de dólares em títulos da nossa dívida externa, com deságio médio de 35%.
Logo em seguida, esses títulos foram revendidos pelo valor de face ao Nacional. Ou seja, foi um expediente simples para "mandar a grana para fora". Que distração do BC!

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