São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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Exército admite erros na guerra

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O general da reserva Juan Ramon Mabragaña reconhece que os veteranos da Guerra das Malvinas não receberam a atenção necessária do governo e das Forças Armadas.
"Entramos pela porta de trás em Buenos Aires, escondidos da população e assim continuamos", diz Mabragaña, coronel na época da guerra e comandante do Regimento 5 de Infantaria do Exército.
Segundo o general, dezenas de ex-soldados fazem acompanhamento psiquiátrico no Hospital do Campo de Maio. Outras fontes do Exército consultadas pela Folha admitem que há veteranos internados e sem possibilidade de sair.
Mabragaña também confirma que as tropas argentinas não tinham recursos para enfrentar as condições ambientais do arquipélago e a artilharia dos ingleses.
Sem alimentos durante os combates, ele mesmo chegou a autorizar o abate de ovelhas criadas por habitantes das Malvinas. Para isso, assinou recibos que, reconhece, ainda devem estar nas mãos dos fazendeiros locais.
As tropas argentinas tampouco contavam com roupas apropriadas para enfrentar o frio de -10° C ou a umidade da região.
Também faltou material para a limpeza do armamento, que enferrujava em poucos dias.
A maior parte dos ataques ingleses partiu das fragatas e dos aviões. Os argentinos, em terra, cavavam poços de cerca de 2 m de altura e chegavam a passar vários dias mergulhados na lama fria.
Cerca de 173 soldados sofreram o chamado pé-de-trincheira -congelamento que pode levar à amputação de dedos dos pés ou das mãos.
(DCM)

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