São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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Suassuna desfila criações de Disney

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) se classifica como o precursor nacional de uma tendência em alta nos EUA: as gravatas com motivos infantis.
Criticado por ter exibido gravata com enorme cara de Pato Donald (US$ 30) na última terça-feira -dia em que conduzia um tenso depoimento do presidente do Banco Central, Gustavo Loyola-, Suassuna não desanimou: no dia seguinte, circulou com uma gravata de fundo vermelho estampada com marrecos de asas abertas. "É também estilo country", disse.
Suassuna afirma ter uma coleção -comprada em Miami- de mais de 40. "Tem de elefantinho, cachorrinho, Mickey Mouse e outras", diz. Sua secretária, Francisca Almeida, emenda: "Ele tem até do Rei Leão". A maioria, diz ele, foi presente da mulher e do filho.
"Coisa ridícula"
"Foi a coisa mais ridícula que eu já vi na minha vida", disse o deputado Lindberg Farias (PC do B-RJ) sobre a gravata de Pato Donald. Já o deputado José Luiz Clerot (PMDB-PB) arriscou uma análise psicológica: "É uma forma subliminar de ele (Suassuna) se igualar aos jovens".
Floridas, listradas, lisas, psicodélicas ou cheias de "amebinhas" (a chamada estampa "cashmere") continuam a ser preferidas pelos parlamentares.
Usar gravatas de desenhos animados ainda chama a atenção no Brasil, apesar de a moda ser antiga. Foi celebrada no final dos anos 80 pelo movimento "yuppie" norte-americano.
Mais "original" é o deputado Agnaldo Timóteo (PPB-RJ). Ele corta o colarinho de suas camisas de forma vazada e coloca as gravatas como um cinto no pescoço. Para prendê-las, Timóteo mandou fazer uma espécie de pulseira grossa e de ouro.
O deputado Wigberto Tartuce (PPB-DF) usava uma gravata combinando com um lencinho no bolso: "Comprei tudo na promoção. Três por US$ 10".
Na semana passada o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), desfilava gravatas com minitucanos. "É para reforçar a legitimidade", dizia.
"Odeio gravata, e a minha tem zíper", afirmou Jacques Wagner (PT-BA). Sua gravata tem um nó permanente: basta baixar o zíper e retirá-la como um colar.
O nó, aliás, é mais um problema. "Ninguém acerta, mas o único pré-requisito da gravata é combinar com seu estado de espírito", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), exibindo uma colorida inglesa, de nó grosso e um dedo acima da cintura .
Seu contraponto era o deputado Nilson Gibson (PSB-PE). Ele andava com terno e gravata azul, que parecia ter sido cortada pela metade, de tão curta: a ponta estava a um palmo do pescoço.

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