São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
Próximo Texto | Índice

Consultoria 'investe' em concordata

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os pedidos em número recorde de concordatas no ano passado alavancaram, para as empresas de consultoria, um mercado promissor: o de reestruturação de companhias em crise.
Em alguns casos, o número de empresas que procuraram os serviços de consultoria quintuplicou no ano passado.
Somente em 1995, 2.153 empresas pediram concordata, num aumento de 305% em relação ao ano anterior. São companhias que apresentam alto endividamento bancário, têm custos operacionais altos e atuam, muitas vezes, em mercados em crise, como o de confecções e o de calçados.
"O mercado está aquecido para as consultorias, pois as empresas com problemas estão à procura de soluções que garantam sua sobrevivência", afirma Luiz Fabiani, ex-presidente da Cica e atualmente presidente da consultoria Option.
Criada há 1,5 ano, a Option tem entre seus clientes as concordatárias Casa Centro, Casa Moisés e Celite (louça sanitárias).
José Carlos Gouveia, presidente de outra empresa de consultoria, a J.D.Edward, afirma que há oito anos "as consultorias não faziam um centavo com reestruturação".
Segundo o executivo, essas reestruturações rendem, atualmente, cerca de US$ 100 milhões para as consultorias. "Cerca de 30% são empresas que estão para pedir ou que já entraram em concordata."
Estabilidade
Gustavo Ayala, sócio da consultoria ABL, especializada em varejo, afirma que o número de consultas recebidas de empresas em processo de concordata quintuplicou neste início de ano em relação a igual período de 1995.
"Algumas nos procuram quando percebem que estão próximas de uma concordata, outras só pensam na reestruturação quando a concordata já está com o juiz."
A explicação para o crescimento desse mercado, segundo os consultores, é a estabilidade da moeda.
Antes, a inflação camuflava problemas como má-gestão financeira, custo alto e produtos não-competitivos. Agora, isso acabou.
"A inflação até ajudava. Para reduzir um custo alto bastava adiantar a entrega da mercadoria ou o recebimento", diz Edson Prado, da concordatária Drogafarma.
Ayala lembra que os ganhos com aplicação financeira e com as viradas de tabela no final de cada mês quase sumiram com a estabilidade.
"O problema é que muitas empresas perceberam tardiamente que estavam no vermelho."

LEIA MAIS sobre concordatas na página 2-3

Próximo Texto: Mico da privatização; Voto separado; Lucros e perdas; Moeda podre; Posição oficial; Nova pesquisa; No envelope; Comendo o lucro ; Sem confirmação; Títulos vendidos; Pente-fino; Em concorrência; Fora de série; Critérios contábeis; Parecer do auditor; Recursos corrigidos; Tecendo ganhos; Agenda oficial
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.