São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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São Paulo foi para cima e acabou nos quintos

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Corinthians não tinha Marcelinho, mas tinha, por exemplo, Leonardo e Souza, que, logo de saída, numa rápida tabela, definiram o tom do clássico em Ribeirão Preto.
Com 1 a 0 no lombo, o tricolor teve de se expor, partindo em massa para cima do adversário. E a estratégia, que é puro instinto, quase deu certo.
Perdeu uma, duas, três chances, até que Edmundo, que vagava obscuramente pelo campo, deu um daqueles seus arranques típicos e meteu 2 a 0.
Depois, o juiz tirou o terceiro gol da cartola, prenúncio da goleada, que afinal, se concretizou nos pés de Robson.
E o tricolor, que sonhava com o céu, foi pros quintos, com Henrique.
*
Assim também já demais.
Nem mesmo quando não joga nada esse Palmeiras dá chance aos competidores.
No sábado, foi assim, em Araçatuba: da saída de bola ao apito final, o Palmeiras foi uma sombra contornando suas performances habituais. Resultado: 2 a 1, e de virada.
Para se ter uma idéia de como foi mal o Palmeiras, basta dizer que até o festejadíssimo goleiro Velloso falhou no gol do Araçatuba, um time aguerrido, bem distribuído em campo e tudo o mais.
Tampouco pode-se dizer que o Palmeiras tenha recorrido ao imponderável, com gols espíritas, pênaltis discutíveis ou coisas do gênero.
Não. Ficou ali tocando a bolinha e foi buscar a vitória em dois lances absolutamente corriqueiros numa partida de futebol, numa escapada de Elivélton pela esquerda e num canhão de Cléber na cara do gol.
É bem verdade que o Palmeiras se ressentiu das ausências de Cafu e Muller, que cumprem fase exuberante. Mas que diferença isso acaba fazendo, se o destino pregou sua estrela na testa de todos os seus companheiros também?
*
A bem dizer, esses retoques na maquiagem da regras que estão sendo feitos no Rio pela International Board é coisa pra inglês ver.
Nem de longe tocam no essencial, que é criar condições para que o jogo possa fluir em direção ao gol, tocado pela inteligência e habilidade dos verdadeiros craques, barrados a cada passo pelas sucessivas faltinhas necessárias.
Esse negócio de aumentar as dimensões da baliza é o bode na sala. É pôr para tirar, provocando alívio do mal maior.
Para se incrementar o aumento de gols e proteger a criatividade, melhorando-se o nível do espetáculo, só há uma medida, já testada e aprovada: sei lá, dez faltas coletivas, tiro livre direto, sem barreira, à altura da meia-lua.
O resto é conversa mole pra boi dormir.
*
A contagem regressiva já foi acionada na Vila, a partir da derrota do Santos, sábado, diante do América, por 1 a 0.
Não vi o jogo, mas vi o filme muitas vezes: alguma peça não se encaixou no ajuste de Candinho com o elenco, e o desgaste está atingindo o limite.
Pena, pois só no sábado Candinho pôde contar com quase todos os titulares neste campeonato.
Digo quase todos porque Carlinhos está na enfermaria. E foi desde a sua saída do time que começou a queda livre.

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