São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996 |
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Pessoas que morrem jovens e famosas
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Nos chamados derrames, tão comuns em pessoas com mais de 70 anos, um mecanismo conhecido como isquemia mata as células nervosas por sufocamento. No organismo isquêmico, o sangue não tem como chegar aonde as células sedentas tanto precisam dele. Placas acumuladas ao longo dos anos obstruem as artérias. Em questão de minutos, os tecidos cerebrais sucumbem à falta de irrigação. Normalmente, a oclusão arterial atinge justamente a região do cérebro responsável pelas funções mentais superiores: percepção, pensamento organizado, movimentos voluntários. Uma consequência comum é, simplesmente, a morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o derrame é a terceira doença que mais mata nos países desenvolvidos. * Um fantasma assombra todas as bandas que se aventuram na arena pop: o fantasma do segundo disco. Ao se reunirem para escrever as primeiras canções, os garotos em geral não têm a mínima noção do impacto que vão causar, se estão fazendo algo novo, se são meros epígonos, se estão desenvolvendo uma fórmula. Mas aí, presto! Eles estouram, fazem sucesso, passam a ser considerados luminares, guias de gerações. O tempo passa, a poeira baixa e chega a hora do segundo álbum. Ao trabalho! "Muito bem, no que a gente estava mesmo pensando quando fez aquela música? E aquela frasezinha de guitarra, dá para mudar só um pouco e usar de novo aqui? Fizemos uma música falando de alhos, vamos fazer outra falando de bugalhos?!" Tudo em cima, mas ninguém dá bola. O segundo disco... é um fracasso. Seguem-se crises de depressão, a banda se dissolve, um ou outro membro se entrega às drogas, eventualmente morre de overdose. * Os Mamonas Assassinas morreram jovens, saudáveis, famosos. Escaparam de muita coisa. Texto Anterior: Sepultura sobe em trio elétrico em 97 Próximo Texto: DEZ; CINCO; ZERO Índice |
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