São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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Escova faz a cabeça dos moleques

Os "patricinhos" aderem ao secador

PATRÍCIA CERQUEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um acessório diferente começa a ser encontrado no quarto dos meninos: o secador de cabelos. O nome deles também passou a constar das agendas de horário de cabeleireiros.
Chutando o preconceito, os garotos assumiram seu lado vaidoso e abusam do trato com a cabeleira. Fazem questão de xampus especiais, cremes para amaciamento e penteados caprichados.
"Não gosto de ficar feio", assume João Camilo Campos, 12. Ele cuida do cabelo, e, principalmente, do topete com muito carinho.
Seu irmão Roberto, o Beto, 16, também é vaidoso, mas ao contrário de João, tem cabelo comprido.
O cuidado com o visual não dispensa nem a escova. "Aprendi com a minha mãe, mas não costumo fazer todos os dias, só em ocasiões especiais", conta Beto.
Aliás, o uso diário do secador é desaconselhado por profissionais (leia texto ao lado).
No dia de sua formatura do ginásio, no ano passado, Beto preferiu não se arriscar e entregou suas madeixas ao seu cabeleireiro.
O secador é, atualmente, o melhor amigo desse exército, uma turma de "patricinhos".
"Trabalho há 20 anos como cabeleireiro e percebi o interesse dos meninos em cuidar mais dos cabelos", afirma Nilton Yamawaki, 35, mestre da Soho, rede paulistana de salões de beleza.
A procura dos adolescentes foi tão grande que os donos da Soho inauguraram um salão só para eles. O "Boys and Girls" atende clientes com até 18 anos.
"Os garotos são mais vaidosos que as meninas. Compram xampus, pintam os cabelos e usam condicionador", afirma Yamawaki.
O estudante Carlos Eduardo Magro, o Edu, 20, não dispensa o secador nem na praia.
Ele mantém o mesmo ritual todos os dias de manhã: lava os cabelos, penteia para frente, passa a toalha, põe de lado, passa gel e seca com secador.
"Depois que se tem prática, a operação não demora mais do que cinco minutos", explica Edu.
O cuidado com o cabelo não permite à namorada fazer uns cafunés. "Só quando não vamos sair ela pode passar a mão, aí ninguém vai vê-lo despenteado."
O cuidado com a cabeleira não pára por aí. "Uma vez por mês é legal passar um óleo à base silicone para recuperar os cabelos", explica Ricardo Correia, 19, primo de Edu.
Ele também não dispensa o gel e o secador todos os dias.
Quem se diverte com essa vaidade são os pais. "Ele usa até spray. Eu nunca usei", diz Maria de Fátima Schaefer, mãe do estudante Alexandre Schaefer, 12.
"Sou super vaidoso, sim. Meu cabelo é meu xodó", declara. Além do spray, Alexandre não dispensa o secador, o gel -importado-, xampu e condicionador. Essa parafernália o acompanha em todas as viagens.
"O spray dá mais volume e seu cheiro não mistura com o do perfume", diz o "expert" em cabelos.

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