São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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Violência faz mais vítimas entre os jovens brasileiros

AL

A estudante Denise Stuckenbruck, 22, ainda lembra com detalhes do dia 16 de dezembro de 1994, um dos piores de sua vida.
Ela estava em casa, no Rio de Janeiro, quando o telefone tocou. Ao atendê-lo, soube que o seu melhor amigo, Armando Lopes Martins Filho, o Dinho, então com 21 anos, tinha sido assassinado em uma briga de rua, em Brasília.
Dinho Tentava separar a briga. Acabou sendo baleado e morreu. Denise diz que essa foi quando soube violentamente o que é a morte.
"Já tinha sofrido com a morte de avós, mas isso é uma coisa que a gente espera. O que senti com a morte do Dinho foi que parte de mim estava indo embora", disse.
Segundo o psiquiatra Alexandre Sadeeh, a morte de amigos na juventude é, em muitos casos, o primeiro contato com o fato.
Esse contato pode acontecer muito cedo. No ano passado, 69 jovens com idades entre 13 e 20 anos morreram em Pirituba e Perus (zona norte de São Paulo), dos quais 30,4% foram assassinados.
O caso do estudante Ricardo José do Nascimento, 15, infelizmente, só reforça as estatísticas. Ele foi morto no ano passado na porta de sua casa, em Pirituba.
Ricardo brincava na rua quando presenciou o roubo de uma bicicleta. Uma turma perguntou para ele quem tinha praticado o roubo. O menino não disse e foi baleado.
Seu irmão, o estudante, Júlio Cézar, então com 11 anos, ouviu o barulho de tiros e correu para a porta de casa e viu o irmão morto. "Parecia que aquilo tudo era um sonho muito ruim", diz Júlio.
Quem matou Ricardo é um menor de idade. Ele ficou detido um dia e está solto. Os implicados na morte de Dinho estão presos há um mês.

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