São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996 |
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Morte reduz teen a humano
CENISE MONTE VICENTE
O que é ser jovem? É poder tudo. Todas as possibilidades estão aí. À medida que a pessoa faz escolhas, restringe suas possibilidades e torna-se menos jovem. Quando alguém não pode escolher ou decide sobre pouca coisa, envelhece. Tem gente que sempre será jovem e tem teen que é velhinho. A morte é uma paulada em qualquer jovem porque de Zeus somos reduzidos a humanos. A morte prega um susto. Vem acompanhada de tristeza e realidade. Morre apenas a pessoa? Não. Morrem todas as possibilidades que pairavam sobre aquele que finda. Pensou nesta palavra: finado? O fim atinge os amigos, pois tanta coisa não pode mais ser sonhada. Por isso, quando um amigo se vai, um pedaço da gente amortece. Tanto o futuro quanto o passado ficam com um rombo, um campo de impossibilidades. Algumas coisas do passado não podem mais ser compartilhadas por um dos protagonistas. E a gente perde um pouco da certeza: "Será que foi isto mesmo?". Quanto ao futuro, silenciosamente excluímos aquele que não estará mais. Quem já perdeu sabe o que dói refazer a agenda de endereços e ter que deletar um nome querido. E o território afetivo que mapeou-se junto? A carta das cidades dentro da gente não tem nada a ver com geografia, é pura emoção. Amigos que se vão muito cedo todos têm. Também é verdade que, quando a gente alucina ser Zeus corre mais riscos e é mais audacioso. Muita tragédia poderia ser evitada, mas seria necessário encontrar outro nome para juventude. Quem é muito verdinho pode não saber, por isso que eu gostaria de contar para você, leitor. Esses amigos perdidos vão sendo recuperados dentro da gente. Eles conquistam um lugarzinho e, misteriosamente, trazem de volta todas as coisas legais que foram construídas junto. Texto Anterior: Violência faz mais vítimas entre os jovens brasileiros Próximo Texto: Religião crê em vida pós-morte Índice |
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