São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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Banda Santana toca dia 18 no Olympia

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A banda Santana traz ao Olympia, dias 18 e 19 de março, a turnê "Dance of the Serpent Rainbow". O nome vem de uma caixa de CDs, lançada no ano passado nos EUA, que faz um resumo da carreira de 30 anos do grupo.
O show que comemorou o aniversário foi realizado no mês passado, nos EUA, e contou com a participação de Wayne Shorter, Vernon Reid, Herbie Hancock, Kirk Hammett (do Metallica), John Lee Hooker e Buddy Guy. "Foram quatro horas e meia que, ao voltar da América do Sul, pretendo editar em um vídeo", diz Carlos Santana.
Um dos poucos artistas da geração Woodstock ainda na ativa, o guitarrista mexicano não perdeu o idealismo dos anos hippies. Em entrevista à Folha, por telefone de Los Angeles, ele falou sobre samba, futebol e de seu sonho de levar paz e amor ao mundo em um avião cheio de músicos.
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Folha - Você já gravou samba e tocou ao lado de Gilberto Gil e Djavan no Rock in Rio 2. O que o atrai na música brasileira?
Carlos Santana - Gosto de sua percussão, que têm raízes africanas. Mas também aprecio as músicas mais lentas. Quem não gosta de Antônio Carlos Jobim? Ele é um tesouro internacional.
Devo confessar que tocar naquele festival, no Maracanã, foi como entrar no céu, porque dava para sentir lá a presença de Pelé. Até hoje sou fascinado pelo futebol brasileiro da Copa do México, em 1970.
Folha - A forma como você marca o ritmo na guitarra é muito forte. É por causa da percussão da banda?
Santana - Sim. Sempre fui atraído pela influência africana na música das Américas e, por isso, quando toco blues, tento deixar claro de onde a música veio.
Folha - O que é para você dividir o palco com outros músicos?
Santana - Ainda me considero um estudante em busca de conhecimento. Por isso, se vejo um músico na minha frente, quero tocar com ele na hora.
Folha - Você tocou em ambas as edições de Woodstock. O que mudou mais entre as duas?
Santana - Em 1969, havia mais princípios. O primeiro festival chegou a ser uma surpresa, porque não sabíamos que o mundo tinha tantos hippies. Foi então que percebemos como tínhamos poder e como nosso protesto poderia acabar com A Guerra do Vietnã.
Mas o primeiro festival só tinha Joan Baez e talvez mais duas mulheres. 1994 tinha mais igualdade.
O detalhe é que para o segundo Woodstock eles só tinham convidado gente branca de Seattle -enquanto que, em 69, os melhores shows foram os de Sly Stone, Jimi Hendrix e o meu. Só aceitei participar depois que artistas como Rita Marley, Jimmy Cliff e Arrested Development deram ao evento mais tempero do que o de baunilha.

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