São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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EFICIÊNCIA, NÃO AUMENTO

O governo federal anunciou que pretende liberar o preço dos combustíveis (o que evidentemente corresponde, como todos sabem, a permitir que eles subam) e que tenciona criar uma nova taxação sobre a gaso lina para financiar o programa do álcool. Ora, antes de pedir mais recursos à população, seria de esperar que o governo e sua estatal do petróleo dessem provas de que estão efetivamente obtendo ganhos de eficiência.
A maioria das indústrias do setor privado encontra-se submetida à dura concorrência dos produtos importados; quase todas as empresas nacionais sofrem hoje, se não o estrangulamento direto do crédito, os efeitos do arrocho financeiro sobre seus fornecedores, seus clientes e, ao final da cadeia, sobre o consumidor. Sem demonstrações inequívocas de combate às sinecuras, ao desperdício e, de maneira geral, à administração ineficiente, que parece ser uma constante em todas as empresas públicas, o governo não está em condições de seguir demandando sempre mais verbas, seja por meio de tributos ou da elevação de tarifas controladas por grandes empresas estatais. O controle da inflação naturalmente produz tensões que o caos da espiral de preços deixa a ilusão de solucionar ou, ao menos, aliviar. Felizmente, porém, aumentar preços hoje já não é regra geral nem procedimento corriqueiro. Isso vale para todo o setor privado da economia. Deve ser o mesmo para o setor público.
Assim, a estabilidade monetária impõe que se tomem cuidados muito maiores na administração de qualquer atividade econômica. Já não há espaço para o perverso expediente de, a qualquer pressão de custos ou oportunidade de lucro, aumentar os preços impunemente.
No caso de empresas privadas, o constrangimento é exercido pelo mercado. No caso do governo, espera-se que, se não vier do bom senso das autoridades, que ao menos surta efeito a pressão da sociedade.

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