São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Caderno sobre racismo no Brasil vira livro

DA REDAÇÃO

No ano em que foram comemorados os 300 anos da morte de Zumbi, a Folha publicou em 25 de junho o caderno especial "Racismo Cordial".
O caderno reuniu artigos de intelectuais, entrevistas, reportagens e a maior pesquisa da história do Brasil sobre preconceito de cor.
O caderno teve tanta repercussão entre pesquisadores e nas universidades que acabou virando livro. "Racismo Cordial", o livro, foi lançado em outubro do ano passado pela editora Ática (R$ 18,50).
Em um seminário na África do Sul, no mês passado, o sociólogo Nelson do Valle da Silva levou dados da pesquisa para uma discussão sobre racismo nos dois países.
O caderno foi coordenado pela secretária-assistente de Redação Cleusa Turra. As reportagens foram feitas por Fernando Rodrigues e João Batista Natali (repórteres da Secretaria de Redação), Fernanda Scalzo (da Ilustrada), Aureliano Biancarelli e Mauricio Stycer (Cidades) e Cristina Grillo (Sucursal do Rio) e Marilene Felinto (articulista da Folha).
A parte gráfica foi feita por Moacir de Almeida Lima, Silas Botelho e Joana Brasileiro.
A pesquisa do Datafolha -feita com 5.081 pessoas em 121 cidades- mostrou que pelo menos 87% dos não-negros brasileiros revelam algum grau de preconceito de cor, mas não assumem. Essa forma de "racismo cordial" inspirou o nome do caderno.
O Datafolha também descobriu que o brasileiro não gosta de ser chamado de "pardo". Prefere ser moreno, uma designação que o IBGE (órgão responsável pelo censo) não reconhece.
"O caderno vai servir como parâmetro para que se possa medir no futuro como a sociedade está se comportando em relação à discriminação", afirma Cleusa Turra, 37, nove anos de Folha.
Cleusa afirma que "a premiação foi um reconhecimento do trabalho conjunto de jornalistas de áreas diferentes com o Datafolha."
O trabalho levou quatro meses para ser concluído. A pesquisa do Datafolha foi feita de 4 a 6 de abril do ano passado.
"O sucesso do caderno foi a pesquisa do Datafolha que montou todo o cenário do racismo no país", afirma João Batista Natali, 47, 26 anos de Folha.

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