São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Paralisação deixa 4.000 t de lixo na rua

DA REPORTAGEM LOCAL

Os lixeiros iniciaram ontem greve por tempo indeterminado em São Paulo. Cerca de 4.000 toneladas de lixo acumularam nas calçadas e ruas da cidade -44% do total de detritos domésticos produzidos por dia-, segundo o sindicato das empresas coletoras.
O sindicato dos lixeiros avalia o acúmulo em mais de 10 mil toneladas. Por dia, 13 mil toneladas de lixo são recolhidas na cidade.
Os garis e coletores -cerca de 15 mil funcionários na cidade- pedem reajuste salarial de 55%, adicional noturno de 50%, convênio médico gratuito, pagamento de horas extras e tíquete refeição no valor de R$ 6,00.
Segundo o sindicato dos lixeiros, a adesão na coleta foi de 75% nas regiões sul e oeste, e cerca de 60% nas zonas norte, sul e central. O próprio sindicato patronal admitiu adesão de 80% nas zonas sul e oeste. Nas demais regiões, a avaliação das empresas foi de 30% de adesão. A avaliação final dos sindicatos só seria divulgada às 21h.
A greve foi decidida em assembléia realizada na última quinta-feira. Cerca de 3.000 funcionários compareceram. Ontem, outra assembléia -com cerca de 300 trabalhadores- decidiu pela continuidade do movimento.
O sindicato representa as sete empresas contratadas pela prefeitura para fazer a limpeza da cidade. Não houve proposta das empresas.
Segundo Augusto de Carvalho Alves, presidente do sindicato das empresas, a decisão de não negociar com o Siemaco (sindicato dos lixeiros) foi causada porque o sindicato não quis esperar 15 dias por uma proposta das empresas -como havia sido acordado.
Carvalho Alves entrou ontem com um pedido no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) exigindo a volta ao trabalho dos funcionários e afirmando que o sindicato está descumprindo a lei porque estaria deixando de recolher o lixo hospitalar (30% do total).
A prefeitura não fez ontem um balanço da quantidade de lixo acumulada, mas recomendou que, enquanto a greve durar, as pessoas devem evitar colocar o lixo nas calçadas. Segundo a prefeitura, o contrato prevê 72 horas para regularização da coleta. Se o prazo não for cumprido, elas podem ser multadas. O prefeito Paulo Maluf soltou nota ontem afirmando que as empresas devem demitir os grevistas.

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