São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Morissette mostra sua raiva milionária

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Imagine a apresentadora de TV Angélica lançando um disco de rock raivoso, com sexo e desilusão suficientes para a geração com 20 anos considerá-la rebelde e uma inspiração. Foi mais ou menos o que aconteceu com Alanis Morissette, 21, no ano passado.
Aos 10 anos de idade, Alanis tinha um programa na TV. Há quatro, ainda cantava um pop dançante capaz de envergonhar sua atual chefe, Madonna (dona do selo Maverick, que contratou a cantora).
A sorte dessa canadense mudou em 95, porque seu terceiro álbum, "Jagged Little Pill", foi abençoado pela MTV e rádios de rock.
Alanis estava dura, sem contrato com gravadora, vivendo longe da família, quando entrou em processo de reinvenção total. De repente, virou a porta-voz da angústia americana, com o aval de integrantes do grupo Red Hot Chili Peppers, que participaram de seu álbum.
Foram seis milhões de discos vendidos em todo o mundo, quatro troféus Grammy e as principais capas das revistas de música.
Alanis Morissette virou o maior fenômeno musical feminino da década.
Em entrevista por telefone para a Folha, de Ohio, Alanis descartou a acusação de roqueira produzida em estúdio e avisou: "Devo tocar no Brasil em setembro."
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Folha - Citando a letra do hit "Right Through You": "E agora que você é a Miss Coisa, agora que você é uma zilionária"?
Alanis Morissette - Eu escrevi isso como uma ironia. Antes de gravar o novo álbum, vivia de favores de amigos, dormindo em sofás diferentes a cada semana, sem dinheiro nenhum. Agora, quando canto essa letra, fico meio sem jeito. Não sei se posso rir, se o público vai entender a piada. Imagino que Beck deve ter sentido o mesmo, depois que "Loser" (perdedor) estourou nas paradas.
Folha - Ao que você atribui sua credibilidade, já que começou como uma estrela infantil da TV e, ao seguir carreira musical, chegou a abrir shows de Vanilla Ice?
Alanis - Acho que o principal foi nunca tentar esconder meu passado. Mesmo se quisesse, toda a imprensa fez o favor de expô-lo. Mas, ao contrário do que possam pensar, não tenho vergonha de nada. Além do que, com 16 anos, eu jamais poderia ter vivido o suficiente para escrever as coisas que canto agora. Cada coisa tem sua hora.
Folha - Sexo é o grande tema não só de suas músicas, mas também de PJ Harvey e Liz Phair, para ficar só em duas cantoras dos 90. Por que se tornou tão proeminente?
Alanis - Porque é divertido. Durante anos, só os meninos se divertiam, agora as meninas mostram que não são diferentes. O fato é que todo mundo quebra a cara, parte o coração e vive uma aventura.

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