São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Sting mistura jazz e country em novo CD

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O cantor inglês Sting, 44, disse que participar do último álbum do compositor brasileiro Tom Jobim (1927-1994) foi uma de suas maiores alegrias profissionais.
"Trabalhar com Jobim é uma honra. Participar do último disco que ele compôs em vida é um privilégio único", afirmou Sting em entrevista à Folha.
O cantor disse que ficou feliz por Jobim ter conquistado o Grammy de melhor disco de jazz latino com "Antonio Brasileiro".
Sting acaba de lançar "Mercury Falling", o sexto álbum solo de sua carreira. O disco passeia por vários ritmos, da bossa nova à música country.
Na entrevista que concedeu à Folha, Sting disse que está cansado de se engajar em causas perdidas e que agora sua única ambição é ser feliz ao lado da mulher e filhos.
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Folha - Como você se sente aos 44 anos e quase 20 de careira?
Sting - Estou cansado de lutar. Quando eu era jovem, achava que tinha que me rebelar contra tudo o que me incomodava. Hoje não consigo mais. Acho que é um sinal de maturidade. Minha única ambição atual é ser feliz.
Folha - Na época do The Police suas músicas eram mais raivosas. A mudança é fruto da maturidade?
Sting - Quando era jovem, achava que para ser um bom compositor tinha que sofrer. Descobri que isso é mentira. Bach compunha na cozinha cercado pelos filhos. Não é preciso morrer de overdose para ser um bom compositor. Além disso, há raiva demais na música pop hoje.
Folha - Você não gosta do pop?
Sting - Gosto muita da nova safra de bandas inglesas como Oasis, Blur e Pulp. Mas minha época de rebeldia já passou.
Folha - Isso significa que você desistiu de lutar pelos direitos humanos e meio-ambiente?
Sting - Não quero mais me envolver em causas perdidas porque não tenho energia nem tempo. Mas continuo lutando pela preservação das florestas tropicais. Conseguimos avanços significativos no Brasil com a demarcação de reservas.
Folha - E seu contato com os índios no Xingu?
Sting - Ainda falo com eles quando posso. Eles me ensinaram a lidar com o lado espiritual, com o meio-ambiente e sobre a importância da família e das crianças.
Folha - "Mercury Falling" fala muito sobre espiritualidade...
Sting - O disco reflete quem sou hoje. Meu contato com a espiritualidade veio pela ioga, que pratico há seis anos. No início, só para manter a forma física. Depois, virou um exercício mental e agora é o meu canal com o lado espiritual.

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