São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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SEM HISTERIA

Para o mercado financeiro, a semana passada encerrou-se sob um céu carregado de nuvens escuras. Motivos para temer chuvas e trovoadas havia. Das derrotas políticas sofridas pelo governo no Congresso à revelação desastrada por um técnico do BC de que um punhado de bancos ia de mal a pior, os choques sucediam-se em velocidade espantosa.
Mas os problemas não eram apenas domésticos. Nos mercados internacionais, a instabilidade aumentava com os juros nos títulos públicos americanos de 30 anos dando um salto, saindo de cerca de 6,40% para irem à marca dos 6,70%, derrubando Bolsas no mundo inteiro.
Mas durante o fim-de-semana o governo brasileiro agiu, punindo o funcionário do BC e garantindo que um dos bancos atingidos, o BMD, seria prontamente amparado. Ontem, em boa medida por conta dessa ação imediata, não se verificou qualquer episódio de corrida bancária.
O clima melhorou também por conta de uma correção no movimento dos juros nos EUA, que recuaram para níveis inferiores aos 6,70%, estimulando uma recuperação da Bolsa de Nova York e permitindo que, no Brasil por exemplo, os mercados fizessem uma leitura menos catastrofista das derrotas políticas do governo na semana passada.
No que toca à reforma da Previdência, nem tudo está perdido e o governo, acertadamente, sinalizou que o compromisso com as reformas continua, em vez de ficar chorando sobre leite derramado. Já há até um novo relator (o deputado Michel Temer, do PMDB-SP). E o debate sobre a CPI mostra que, embora seja um assunto sensível, sua implementação não é vista como uma catástrofe destrutiva.
Ou seja, o mercado está com os nervos à flor da pele, mas sabe dar a devida atenção tanto às boas quanto às más notícias. O que não deixa de ser um sinal de maturidade.

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