São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996 |
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PFL vai tentar obrigar o apoio ao governo
GABRIELA WOLTHERS
O PFL utilizará a convenção, que acontece amanhã, para aprovar uma moção de apoio não só à reforma da Previdência como também à reforma do Estado. Com a aprovação da moção, a cúpula pefelista considera que terá instrumentos para "recomendar" -leia-se "obrigar"- o voto favorável às reformas. "Acredito que todos os deputados vão se ajustar", disse o presidente do partido, Jorge Bornhausen. "A convenção do partido é soberana, e os que integram o PFL devem respeitá-la", completou. Eficiência A estratégia da cúpula pefelista já "sensibilizou" pelo menos dois deputados que votaram contra o governo -Maurício Najar (SP) e Couraci Sobrinho (SP). "Vou analisar o projeto do Temer, mas a minha tendência é acompanhar o partido", afirmou Najar. "Tenho de ver o novo texto, mas a orientação do partido sempre deve ser levada em consideração", disse Couraci Sobrinho. O presidente do PFL deixou claro que não está disposto a aceitar o voto contrário nem dos deputados que alegam "questões técnicas" para votar contra o projeto. Como no PT "Vamos dar a chance para aqueles que estiverem contra se tornarem o Genoino do PFL", ironizou Bornhausen. A referência atinge o deputado petista José Genoino (SP), que muitas vezes discorda da orientação do PT, manifesta a discordância, mas vota com o partido. Bornhausen também fechou a porta para os deputados que votaram contra a reforma da Previdência para manifestar descontentamento com o governo. "As reformas não são problema de governo, elas atingem o país. Por isso, não acredito que reclamações contra o governo sejam argumentos para votar contra." Em 6 de março, o governo sofreu sua pior derrota na Câmara. O relatório do deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM) obteve 294 votos. Para aprovar uma emenda à Constituição, são necessários 308 votos. O PFL contabilizou 3 abstenções e 4 ausências. Alvo principal Nos seus recados à bancada, Bornhausen não escondeu que pretende atingir principalmente o deputado Jair Soares (RS). Soares foi presidente da comissão especial da Previdência e se absteve na votação no plenário. Quando renunciou à presidência da comissão por ser contra a reforma, também pediu seu desligamento do PFL. Mas voltou atrás, argumentando que as bases queriam sua permanência. Na época, o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), chegou a dizer que Soares deveria cumprir a palavra. Para a cúpula pefelista, se Soares quiser mesmo permanecer, ele deve votar a favor da reforma. Ele reluta: "Não tenho nada com o partido. Meu problema não é político, é técnico". E continua: "Isso não é uma questão programática do PFL, e eu só decido meu voto após analisar o relatório do Temer", completou. Texto Anterior: Presidente do PMDB diz que 'há avanços' Próximo Texto: PTB reage à ameaça do governo e decide hoje se rompe com PFL Índice |
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