São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Maciel suspende pacote do Proálcool

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo suspendeu ontem todo o pacote de medidas de apoio ao Proálcool, inclusive o reajuste de 14,5% para os combustíveis e a liberação dos preços dos combustíveis -que deveriam entrar em vigor ainda esta semana.
O presidente interino, Marco Maciel, não quis assinar sequer o decreto que permitiria o reajuste dos combustíveis em prazo inferior a 12 meses, conforme determina a lei que criou o real. O último reajuste foi em setembro.
Maciel preferiu aguardar o retorno do presidente Fernando Henrique Cardoso, que está em viagem oficial no Japão.
FHC vinha conduzindo todo o processo de negociação com usineiros, Congresso e com os ministérios envolvidos, sob coordenação da ministra Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo).
Ficou decidido também que a ministra será substituída na coordenação pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
Repercussão
As informações publicadas ontem na Folha sobre o álcool -do ponto de vista ambiental ele não traz vantagens significativas sobre a gasolina- e sobre o crescimento das exportações de açúcar em detrimento da produção do álcool tiveram grande repercussão dentro do governo.
As revelações acabaram provocando desavenças entre os Ministérios da Fazenda, da Indústria, do Comércio e do Turismo, Minas e Energia, Meio Ambiente e com a própria vice-presidência da República.
O secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Luís Paulo Vellozo Lucas, teria discordado do aumento dos combustíveis e da liberação dos preços da forma como foram conduzidos.
Vellozo Lucas exigiu uma melhor avaliação das medidas relativas ao alongamento da dívida dos usineiros com o Banco do Brasil (R$ 4,4 bilhões) e dos financiamentos para a safra de cana-de-açúcar, além dos impacto que as medidas teriam sobre a inflação.
Aprovação
Os deputados Carlos Melles (PFL-MG) e Ricardo Barros (PFL-PR) confirmaram a negativa de Maciel em assinar medidas sem a aprovação pessoal de FHC.
Ainda, segundo eles, que houve falta de entendimento com a Fazenda.

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