São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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China inicia exercícios perto de Taiwan

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China iniciou ontem no estreito de Taiwan exercícios militares com munição real, utilizando cerca de dez navios e dez aviões.
O governo chinês disse que os EUA, ao enviarem navios à região, podem estimular Taiwan a seguir em seus desafios contra a China.
Os exercícios militares da China buscam intimidar Taiwan. Fazem parte de uma estratégia do governo chinês para tentar a reunificação entre os dois países. Os chineses começaram a usar munição como em situação real de guerra.
A separação dos países veio em 1949, quando os comunistas venceram a guerra civil e os nacionalistas se refugiaram em Taiwan.
Comunistas e nacionalistas dizem buscar a reunificação, mas diferem nas condições e ritmo a serem seguidos.
Os exercícios militares começaram por volta da 12h (1h de Brasília), segundo o Ministério da Defesa de Taiwan. É também dele a avaliação de quantos navios e aviões participam dos "jogos de guerra".
A fase iniciada ontem deve durar oito dias. Complementa a etapa iniciada sexta-feira, que prevê testes com mísseis e termina dia 15. A China já disparou três mísseis.
Mobilização Os EUA ordenaram a seus navios na região, incluindo dois porta-aviões, que se aproximassem de Taiwan. Também o porta-aviões norte-americano Nimitz deixou o golfo Pérsico rumo a Taiwan.
Washington afirma que a mobilização de navios não corresponde a uma operação de combate. Eles devem apenas monitorar os exercícios chineses.
A movimentação norte-americana, no entanto, carrega clara mensagem política. Busca mostrar à China que ela não está com as mãos livres para implementar suas estratégias em relação a Taiwan.
O governo chinês disse ontem que os Estados Unidos, ao enviarem navios regiões, podem levar "mensagem errada" a Taiwan. Ou seja, estimulariam a oposição pela independência.
Os testes chineses buscam intimidar os eleitores de Taiwan. No dia 23, a "ilha rebelde" realiza as primeiras eleições presidenciais diretas de sua história.
O atual presidente de Taiwan, Lee Teng-hui, deve vencer a votação. A China o acusa de ter um plano secreto para levar Taiwan à independência, ou seja, renunciar ao objetivo da reunificação.
Intimidação
Com os "jogos de guerra", a China quer enfatizar sua promessa de invadir Taiwan caso a ilha declare independência.
Pequim busca assustar os eleitores de Taiwan e levá-los a não votar em Lee Teng-hui para apoiar candidatos mais dóceis a Pequim.
Lee Teng-hui não defende a independência de Taiwan. Mas argumenta que a reunificação depende de algumas condições, entre elas a democratização da China.
Os Estados Unidos reconhecem o regime de Pequim e mantêm apenas laços não-oficiais, econômicos e culturais com Taiwan.
Trincheiras Embora um ataque chinês seja improvável, Taiwan se prepara para o pior. Na ilha de Quemoy, a 53 km da zona dos exercícios chineses, soldados cavaram trincheiras.
Na capital, Taipé, a polícia preparava abrigos antiaéreos. As agências de viagem registraram aumento na venda passagens ao exterior.

As forças na região
.Soldados chineses: 150 mil
. Aviões chineses: 10
. Submarinos chineses: 4
. Navios chineses: 10
. Distância: a 53 km de Taiwan
. Ogivas chinesas: pesam 500 kg
. Navios americanos: 4

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