São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996 |
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FHC E OS DOIS CONGRESSOS Dependendo do humor do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Congresso pode ser: a) o local onde as pessoas se unem "não por valores, mas por interesses"; b) o local "da construção dos consensos necessários aos avanços". A primeira frase é de 20 de fevereiro, em palestra do presidente no Colégio do México. A segunda, de anteontem, proferida na Universidade norte-americana Stanford. O que aconteceu entre uma e outra? O governo sofreu as suas duas primeiras derrotas no Parlamento. A Câmara rejeitou a proposta de reforma da Previdência, e o Senado forneceu o número mínimo de assinaturas para que eventualmente seja criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito acerca do sistema financeiro. Fica claro, assim, que FHC parece ter-se convencido de que criticar o Congresso é contraproducente. Se for essa a interpretação correta, diluem-se as duas explicações que o próprio Palácio do Planalto foi procurar para as derrotas. O governo culpou uma articulação do presidente do Senado, José Sarney, e também eventuais motivações eleitorais dos parlamentares no caso da reforma da Previdência. Mas a opinião pública fica também sem saber o que é o Congresso, na avaliação do presidente da República, que, em 20 dias, conseguiu mudar completamente de tom. O mais provável é que a verdade sobre o Congresso esteja em algum ponto intermediário. Que há lobbies no Congresso, é inegável. E que o Parlamento é o local por excelência dos consensos, é também inegável. Resta esperar que, em uma nova oportunidade, o presidente consiga fazer uma síntese que nem seja desqualificadora nem seja bajuladora por puro interesse nos votos dos congressistas. Próximo Texto: REFORMA NO JUDICIÁRIO Índice |
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