São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Afinal, o que pensa FHC?

FERNANDO RODRIGUES

Tóquio - Em São Francisco (EUA), o presidente Fernando Henrique Cardoso elogiou o Congresso brasileiro. Aqui em Tóquio, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, não fez algo totalmente oposto. Mas chegou muito perto disso.
Motta sugeriu que o Congresso tenha votado contra a vontade da população. E declarou que FHC é o proprietário único e exclusivo da preferência da opinião pública.
Ao que tudo indica, o governo FHC está lançando uma campanha para jogar a população contra o Congresso.
O presidente faz adulações públicas para manter as aparências. Enquanto isso, seus operadores políticos propagam uma versão de distanciamento entre eleitores e Congresso.
O exemplo de conflito de interesses entre o Congresso e "o povo", como Motta chama os eleitores, seria a reforma da Previdência. Não há nada mais falso.
O governo nunca se esforçou para informar a população sobre o problema da Previdência -que é, basicamente, a falta inevitável de dinheiro para pagar as aposentadorias e pensões daqui a alguns anos no atual sistema.
O brasileiro comum, o eleitor, não tem a menor idéia se teria sido melhor ou pior aprovar o relatório do amazonense Euler Ribeiro (PMDB) para a Previdência. Quando Sérgio Motta diz que o Congresso votou contra "o povo", está apenas dando uma opinião pessoal.
Mas, como se diz em Brasília, o ministro das Comunicações só emite idéias alinhadas com as do presidente.
Afinal, então, o que pensa FHC sobre o Congresso brasileiro? Há cerca de uma semana surgiu um rumor sinistro. Teve vida curtíssima.
Vários deputados disseram ter ouvido de FHC uma frase que indicaria no presidente uma consideração sobre fechar o Congresso. Com grande rapidez, o Planalto produziu uma nota negando.
Evidentemente, os parlamentares foram incapazes de interpretar com retidão o pensamento intelectualizado de FHC. O presidente teria apenas pensado, em voz alta, sobre alguns fatos da história recente no Peru.

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