São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 1996
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Tasso quer romper com Sarney

FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), sugeriu ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que seria conveniente romper a aliança com o senador José Sarney (PMDB-AP).
A sugestão foi feita em conversa de mais de uma hora, durante escala técnica do avião presidencial em Anchorage (Alasca, EUA), anteontem, no caminho para Tóquio.
Tasso é um dos principais conselheiros de FHC. Também é um potencial candidato a presidente.
O assunto principal foi o possível rompimento do governo com Sarney. "Eu não acho que o Sarney tenha todo esse poder que dizem", disse Tasso à Folha.
Tasso avalia que o trabalho de Sarney pela instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bancos esgotou a possibilidade de aliança com o senador.
Motta
Um aliado do governador cearense é o ministro das Comunicações, Sérgio Motta (PSDB), que também nutre grande descontentamento em relação a Sarney.
Motta, que está no Japão há mais tempo, estava aflito para conversar com Tasso. "Não sei o que acontece. Fui ao Maranhão no começo do ano. Falei com a Roseana (Sarney). Acertei tudo, e tomamos essa patada", tem dito Motta a amigos.
Para consumo externo, Tasso não deve declarar publicamente que defende o rompimento com Sarney. Nem Motta fará isso.
Essa é a estratégia que foi acertada com FHC. Mas Tasso disse ao presidente que criticaria Sarney publicamente.
"Irresponsável"
Ontem Tasso afirmou que Sarney foi "irresponsável" ao trabalhar pela instalação da CPI dos Bancos.
Durante o vôo, FHC demonstrou estar abalado. "Essa comissão não pode ser instalada", disse, segundo a Folha apurou.
O presidente considera arriscado um rompimento com Sarney, mas não sabe até que ponto ainda seria viável uma reaproximação.
FHC decidiu não dar declarações diretas sobre a CPI dos Bancos.
Indagado ontem se a eventual CPI atrapalharia a recuperação da imagem externa do país, disse: "Eu não queria falar sobre esses assuntos, que são assuntos menores. Eu acho que isso vai ser resolvido normalmente. Eu sei que há certos setores que ficam olhando para trás. Mas eu, não. Eu só olho para frente. E, para frente, só há um céu aberto". (FERNANDO RODRIGUES)

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