São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 1996
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Exército ganha 635 voluntárias

Vestiários tiveram de ser modificados

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um grupo de 635 mulheres jurou bandeira ontem em quartéis espalhados por todo o país e transformou-se no primeiro contingente de mulheres a fazer o serviço voluntário do Exército na área de saúde.
Em Brasília, 63 fizeram o juramento. Elas têm entre 25 e 35 anos e um terço é casada.
Um alojamento do batalhão foi especialmente preparado para receber 14 mulheres que vieram de outros Estados.
A mudança mais drástica foi no vestiário, onde não havia boxes privativos.
Os chuveiros devassados, usados por homens, incomodaram as mulheres, que não queriam expor seus corpos.
O coronel Lúcio Mário, supervisor do treinamento das tenentes, disse que só atendeu à reivindicação depois de ter conversado com sua mulher -ela acabou comprando as cortinas para os boxes.
"Pela organização e limpeza, o alojamento militar é melhor do que muita pensão", disse Marta Rossignolli, de São Paulo, que teve o apoio do noivo para entrar no Exército.
As novas oficiais vão servir, por um ano, em hospitais das Forças Armadas e escolas.
Elas ganharão entre R$ 1.300 e R$ 1.500, por cinco horas de trabalho. Elas não são obrigadas a viver nos quartéis e podem ter consultório particular.
As mulheres são formadas em odontologia, medicina, farmácia ou veterinária.
Elas viraram soldados depois de cumprir um "estágio" de 45 dias. Fizeram treinamento intensivo de tiro e exercícios de educação física que incluíram marchas de 8 km.
"Elas demandaram mais do que os homens nos exercícios de tiro, mas, na média, tiveram um desempenho superior ao masculino", disse o coronel Mário. A maioria nunca tinha usado uma arma. Algumas choraram nas primeiras aulas.

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