São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 1996
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Sobrado vira boite e reúne 4 mil gays

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Alugado por quatro empresários para promover bailes durante o Carnaval, um espaço batizado de Bafon, em Pinheiros, acabou se tornando o grande sucesso do final do verão entre a comunidade gay.
Só na festa do "Enterro dos Ossos", há dois sábados, os donos do negócio, Júlio Fonseca, 37, Sérgio Khalil, 31, Adriano Leme, 30, e Beto Ribeiro, 43, receberam mais de 4 mil pessoas e faturaram R$ 120 mil.
"É sete vezes o que uma boate rende em um dia de movimento normal", diz Júlio Fonseca, que já promoveu festas nas boates Gent's, Rave e Latino, e foi sócio da Anjo Azul (todas gays).
O sucesso do pré-carnavalesco e dos bailes nas cinco noites de Carnaval animou os empresários a prolongar o contrato e promover um baile por mês no local. O próximo vai ser no sábado de Aleluia.
O sobrado, na rua Lisboa nº 509, parece pequeno para quem olha de fora, mas surpreende. A partir da fachada de cinco metros de largura, o frequentador desce alguns lances de escada até chegar a um salão de 1.500 m².
Na verdade, esse enorme galpão ocupa o espaço de oito sobrados comprados aos poucos pelo empresário Chico Seni (Extravaganza). Ele inaugurou ali, há uma semana, a PhD, misto de boate e casa de shows para o público jovem.
No Bafon, convivem harmoniosamente barbies (gays musculosos), drag-queens, clubbers e, em menor número, casais de mulheres e heterossexuais.
A música ambiente é o samba. E a cada 40 minutos o DJ Paulo Ciotti anuncia um blecaute total e coloca para tocar um solo de bateria em ritmo de samba.
O ar condicionado é surpreendentemente potente e as instalações estão recém reformadas.
Nessa espécie de "parque de diversões gay" há ainda um cômodo escuro montado com um plástico preto onde os foliões se tocam à vontade.
Os ingressos custam R$ 20 (para quem já tem convite) e R$ 15 (sem o convite). A fila para entrar dá a volta na esquina da rua Teodoro Sampaio. Os vizinhos, desacostumados, aparecem na janela para observar a movimentação.
"O povo tira até foto", diz Alexandre Pires, 28, que apareceu vestido de "Léa" para animar a porta.

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