São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 1996
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CÚPULA ANTITERROR

Como era de esperar, a Cúpula dos Arquitetos da Paz realizada ontem no balneário egípcio de Charm al Cheikh não apresentou respostas concretas contra o terrorismo, mas teve o mérito de mostrar que as principais lideranças do mundo e um número significativo de países do Islã são favoráveis ao processo de paz entre israelenses e palestinos.
O resultado nem poderia ser diferente. Por melhores que sejam os serviços de segurança de um país -e os de Israel, em que pese a grande falha no assassinato de Yitzhak Rabin, estão entre os mais eficientes do mundo- é virtualmente impossível evitar um atentado suicida.
Existe, contudo, por trás desses atentados, uma rede que não só os financia como também os incentiva. Não se compra dinamite ou outros explosivos ainda mais letais em qualquer mercearia. Para que alguém decida pôr um fim à própria vida e à de pessoas absolutamente inocentes é necessário, muitas vezes, um metódico trabalho de lavagem cerebral.
E essa rede que sustenta o terrorismo, tanto do lado dos palestinos como dos israelenses, deve ser combatida. Seus líderes são conhecidos, bem como seus locais de reunião. Prender os primeiros e desbaratar os segundos são medidas que estão sendo tomadas, na medida do possível, pelas polícias palestina e israelense.
O problema é que, como ocorre em qualquer organização animada pelo fanatismo, os grupos não são coesos. Começam juntos, mas logo se multiplicam em uma infinidade de células muitas vezes inimigas umas das outras. Hoje, por exemplo, já não se pode falar em um Hamas, mas em diversas organizações oriundas desse movimento de inspiração religiosa.
Se a cúpula não avançou no combate concreto ao terrorismo, é porque ela não poderia fazê-lo. Serviu ao menos, para mostrar à maioria dos israelenses e palestinos, que desejam a paz, que esta é também uma aspiração da maior parte do mundo.

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