São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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'Bom senso' convencerá Congresso, diz presidente

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "com bom senso, boa fé e tranquilidade" vai "esclarecer o Congresso" sobre a CPI dos Bancos.
A declaração foi dada durante uma entrevista coletiva, no Clube de Imprensa do Japão. FHC falou a cerca de cem jornalistas, entre brasileiros e japoneses.
O presidente evitou falar sobre o arquivamento da CPI dos Bancos, que é desejo do governo.
A Folha pediu para que ele comentasse a intenção do PPB de não indicar representantes. FHC preferiu não responder.
O presidente fez uma rápida comparação entre Brasil e Japão. O governo japonês enfrenta problema similar ao brasileiro.
No Japão, o Ministério da Fazenda estimou, em setembro do ano passado, que os bancos do país tinham US$ 361 bilhões em créditos de difícil recuperação.
"A lição que levo é que a nossa situação é muito mais confortável (que a do Japão)", disse FHC durante a entrevista.
FHC esteve no Japão de terça-feira até ontem. Foi a primeira vez em 12 anos que um presidente brasileiro faz uma visita oficial ao Japão.
Apesar de intensa programação local, a visita foi marcada pela articulação de FHC e do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, contra a instalação da CPI dos Bancos.
FHC falou diariamente com o vice-presidente, Marco Maciel, e com vários ministros -principalmente o da Fazenda, Pedro Malan.
Motta ficou encarregado dos contatos diretos com os parlamentares. Numa de suas ligações telefônicas, fechou um acordo com o presidente do Congresso, o senador José Sarney, para que a CPI dos Bancos não seja instalada.
Pelo acordo, Sarney poderá continuar a defender publicamente a CPI. O governo vai brecar a instalação nos bastidores. Sarney ficará preservado.
Na viagem, FHC assinou ou presenciou a assinatura de contratos no valor total equivalente a US$ 3,686 bilhões para o setor público no Brasil. Esse valor ainda não foi desembolsado. A previsão é que o dinheiro seja entregue ao país ao longo deste ano.
Na sua visita ao Japão, FHC teve encontros com os imperadores, com o primeiro-ministro e com os presidentes das Câmaras dos Deputados e dos Conselheiros.
O presidente acertou com o Japão um apoio mútuo às propostas de reforma para a ONU (Organização das Nações Unidas).
Mas, segundo a Folha apurou, apenas o Brasil deu apoio claro à pretensão do Japão de integrar permanentemente o Conselho de Segurança da ONU. O Brasil também pleiteia um assento no Conselho de Segurança. O Japão não se comprometeu publicamente a apoiar o pedido brasileiro.
Às 17h de ontem (20h em Brasília), depois de 14 horas de viagem, Fernando Henrique Cardoso chegou a San Antonio, no Texas (EUA), vindo de Tóquio.
O presidente embarca hoje de manhã para o Brasil. Sua chegada a Brasília está prevista para as 22h25.

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