São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Educação recebe menos que área militar

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano da educação, segundo o seu slogan, o governo reservou verbas para investimentos no setor 29,5% menores do que o efetivamente gasto em 1994. São R$ 359 milhões a menos, em 96, do que o investimento feito em 94.
Os recursos do setor previstos na proposta de Orçamento de 1996 do governo são menores, por exemplo, do que as verbas previstas para investimentos na área militar (defesa nacional): R$ 1,036 bilhão contra R$ 855,8 milhões.
A área mais beneficiada na previsão de investimentos para 1996 é a de transportes. São R$ 2,054 bilhões -25% de todo o investimento do governo neste ano.
Já em 1995 o setor de transportes havia sido elevado ao primeiro posto no ranking de investimentos do governo. Mas para 1996 a proposta é dobrar o que foi gasto em 1995. Num ano eleitoral, governar é construir estradas. Mas não só.
Construir casas também é uma das prioridades do governo para 1996. Os investimentos para as áreas de habitação e urbanismo estão quase sete vezes maiores do que a despesa feita pelo governo no setor em 1995. São R$ 552 milhões.
Saúde
Prejudicado com um corte de 28% em 1995, o investimento em saúde deve ser recuperado este ano -desde que o Congresso aprove uma fonte de receita, como a CMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira). O governo triplicou as verbas em relação a 1995.
Autor dos quadros com os dados -extraídos do Sistema Integrado de Administração Financeira do Tesouro Nacional-, o deputado Paulo Bernardo (PT-PR) critica a distribuição de verbas: "Há algo errado, num país como o Brasil, quando o investimento em defesa é maior do que o em educação".
Ministro da Educação, Paulo Renato defende o governo. Ele diz que em 1994, ao contrário do ano passado, a inflação ajudava a "espichar" o Orçamento. Além disso, completa, houve desvios de verbas de pessoal para investimento.
"O problema da educação não é fazer mais escolas, não é o investimento físico. A questão é melhorar a qualidade, que é o que estamos fazendo", diz. Mas o próprio ministro diz que vai pedir R$ 350 milhões em verbas suplementares para investimento.
(JRT)

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