São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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José Rainha diz que o MST não quer terras da Igreja Católica

'Essa terra é insignificante diante dos latifúndios'

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal líder dos sem-terra no Brasil, José Rainha disse ontem que o movimento dirigido por ele não pretende utilizar nenhum pedaço dos 330 mil hectares de terra que a Igreja Católica tem no país.
"Essa terra é insignificante diante dos 370 milhões de hectares de latifúndios improdutivos que existem no Brasil", afirmou Rainha, no "Programa Livre", do SBT.
Depois do programa, Rainha disse que a terra da Igreja "deve ficar para as atividades assistenciais" dos religiosos. A Folha publicou reportagem dizendo que a Igreja tem 330 mil hectares de terras.
Rainha compareceu ao "Programa Livre" acompanhado de sua mulher, Diolinda Alves de Souza, que passou 47 dias detida em um presídio do interior paulista. Durante o programa, os dois distribuíram autógrafos a estudantes.
Em uma das perguntas, Rainha afirmou que se sentiria incomodado caso fosse latifundiário e tivesse suas terras invadidas.
"O homem é fruto do meio", disse. "Se eu fosse do meio latifundiário, não gostaria de invasões."
"Como sou pobre e sem-terra, vou continuar lutando pela conquista da terra", afirmou.
Diolinda disse que, a partir de agora, vai cuidar de problemas de saúde agravados na prisão.
Ela está com úlcera intestinal e gastrite: "Mas também vou continuar com o movimento no campo". Rainha também se queixou de problemas de saúde. Disse que tem uma infecção intestinal antiga.
Rainha afirmou que o MST vai dar uma trégua nas invasões até o final deste mês. Quer aguardar os assentamentos prometidos pelo governador Mário Covas.

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