São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Funcionário morre em motim na Febem

ANDRÉ LOZANO
ANTONIO ROCHA FILHO

ANDRÉ LOZANO; ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tentativa de fuga de 53 adolescentes em unidade do Tatuapé desencadeou o conflito na manhã de ontem

Uma rebelião ontem de manhã no quadrilátero da Febem do Tatuapé (zona leste) provocou a morte de um funcionário da unidade.
O incidente começou às 11h e demorou cerca de 30 minutos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Entidades de Assistência ao Menor e à Família do Estado de São Paulo, Aparecido Santana, a rebelião ocorreu em função de uma tentativa de fuga dos 53 adolescentes que ocupavam o setor A da UE-1 (Unidade Educacional).
Santana disse que alguns dos menores teriam rendido uma funcionária chamada Tânia (ele não soube informar o seu nome completo), que carregava consigo todas as chaves da unidade.
"Eles pegaram a chave do almoxarifado e retiraram todas as vassouras, pois utilizam seus cabos como armas", disse Santana.
Nesse momento, segundo Santana, outros três funcionários foram tentar conter a rebelião, entre eles Severino Porfírio da Silva.
"Os adolescentes partiram para cima dos funcionários com os pedaços de pau e os acertaram. O Severino conseguiu sair da unidade e, quando ia ser socorrido pelos colegas, se sentiu mal, caiu e bateu a cabeça em uma mureta, o que teria ocasionado a sua morte", afirmou o presidente do sindicato.
O presidente da Febem, Eduardo Roberto Domingues da Silva, disse que a causa mais provável da morte do funcionário seria infarto, pois ele teria problemas cardíacos.
Severino era o chefe da equipe de segurança da UE-1. Ele trabalhava havia sete anos na Febem.
Segundo a Febem, a rebelião teria sido iniciada por 15 internos após uma tentativa de fuga. A rebelião teria sido controlada, mas em seguida alguns menores atearam fogo nos colchões. O fogo atingiu dois quartos e 16 colchões.
A Febem tentaria recuperar os quartos ontem à noite. No entanto, se isso não fosse possível, os adolescentes seriam transferidos para outras unidades do quadrilátero.
Santana atribuiu ao "processo de desmonte, sucateamento e corte de verbas da Febem" parte da responsabilidade pela rebelião.
"O corte de verbas acarretou a demissão de funcionários essenciais para o processo de educação e integração do adolescente ao quadrilátero", afirmou Santana.
Vigia
O presidente da Febem disse que Severino tinha problemas cardíacos. "A médica da Febem que o acompanhava me disse que ele sofria de uma cardiopatia", afirmou.
Segundo Domingues, médicos que atenderam o vigia no hospital do Tatuapé disseram que ele não apresentava ferimentos pelo corpo, "mas um inchaço arroxeado no peito".

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