São Paulo, sábado, 16 de março de 1996 |
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No Rio é mais legal
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE Nas últimas semanas, pegar a ponte aérea e chegar ao Rio pode ter sido um martírio.Não, não é a criminalidade que dá medo nem todos aqueles problemas que, insistem em dizer, só existem por lá. O problema de chegar à cidade maravilhosa é administrar um súbito desejo de ficar. De morar em um lugar onde há praia, céu e mar. Como já me disse um colega carioca, São Paulo não tem horizonte. E como já me disse uma colega francesa, São Paulo é uma cidade feia, suja e mal administrada. Não, o Rio está longe de ser limpo e organizado. Mas é lindo, e isso parece compensar muitos problemas. Neste fim-de-semana, a cidade recebe a Indy para a primeira etapa brasileira da história da categoria. Não faltam problemas. Improviso, relaxo e boa vontade se misturam. De qualquer forma, será uma festa. Seja ela boa ou ruim. Mais uma vez, a beleza da cidade parece tudo compensar. O Rio pode não ter infra-estrutura e dinheiro. Mas tem o cenário. Basta. São Paulo, infelizmente, não tem um. É um dos piores lugares do calendário da F-1. As atrações existem, mas fica difícil fazer alguém de fora acreditar. Com as enchentes e o trânsito caótico, então, a comparação com Montreal, Barcelona e Milão, só para citar alguns exemplos, é praticamente impossível. Estamos no Terceiro Mundo? Não é desculpa. Buenos Aires dá dez voltas na capital paulistana. Vivemos em um centro caótico, em que a irresponsabilidade dos governantes se soma ao desprezo que a população tem por sua própria cidade. Organizar uma corrida de F-1 é um grande atrativo para a cidade. Produz dinheiro e propaga o nome e a imagem de São Paulo para o mundo. O problema é exatamente esse. O que São Paulo tem para mostrar? Texto Anterior: A Lusinha já pode dançar o seu vira-vira Próximo Texto: Agenda de Emerson; Barrichello viaja hoje; Rio pode abrigar F-1; Perdido no espaço Índice |
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