São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Colômbia vai investigar 3 ministros

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Procuradoria Geral da Colômbia iniciou uma investigação contra três ministros do governo de Ernesto Samper Pizano, aumentando ainda mais a crise política do país, que pode levar ao impeachment do presidente.
Será investigada a participação dos ministros Horacio Serpa (Interior), Rodrigo Pardo (chanceler) e Juan Manuel Turbay (Comunicações) na suposta ajuda financeira dos traficantes de cocaína do cartel de Cali na campanha eleitoral de Samper, em 1994.
Eles são suspeitos também de tomar atos administrativos para acobertar o financiamento ilegal. Na próxima semana, os três serão chamados a depor na Corte Suprema.
Segundo o jornal "El Tiempo", Pardo e Serpa, dois dos mais influentes ministros de Samper, já pensam em renunciar por causa das acusações. As acusações podem levar a uma ação judicial contra eles, mas não os obriga a deixar o cargo.
A primeira denúncia contra Serpa foi feita por Santiago Medina, tesoureiro de campanha de Samper. Serpa negou e disse que não teve qualquer envolvimento com o financiamento da campanha, mas depois admitiu ter participado de operações envolvendo dinheiro.
O processo no Congresso contra Samper foi iniciado por causa das denúncias de Medina, mas arquivado por falta de provas. No começo do ano, o ex-ministro da Defesa Fernando Botero disse que Samper sabia do financiamento ilegal. O processo foi reaberto.
As acusações não envolviam nenhum dos três ministros, mas os procuradores acharam que havia indícios contra eles com base nos documentos do processo.
Horas antes, o procurador-geral Alfonso Valdivieso disse que Serpa, Pardo e Turbay não seriam chamados a depor. Valdivieso se tornou uma figura-chave na política colombiana por causa do processo contra Samper.
No dia 14 de fevereiro, ele apresentou ao Congresso uma denúncia contra o presidente, ligando-o a quatro crimes -enriquecimento ilícito, falsidade, fraude processual e acobertamento. A denúncia é a peça jurídica que os promotores usam para dar início à ação penal.
O advogado Luis Guillermo Nieto Roa, que defende Samper, disse que o processo de Valdivieso é tendencioso contra o presidente.
Fernando Botero disse ontem que Samper "solicitou de forma ativa" dinheiro dos traficantes durante a campanha. Ele fez a declaração por escrito, após se negar a ir à comissão de investigações do Congresso.
Ele entregou um testemunho de dez páginas ao deputado Heyne Mogollón, que comanda A CPI contra o presidente.
Botero disse que a comissão não poderia estar julgando Samper (pronuncia-se Sampér) porque 14 de seus 15 membros sofrem acusações judiciais, e vários deputados que votariam a destituição do presidente no plenário têm ligações com o narcotráfico -portanto não seriam juízes imparciais.

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