São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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FHC planeja barrar aliados de Sarney

PFL fica com a de Comunicações

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo tenta a todo custo evitar que o PMDB indique os senadores Gilberto Miranda (AM) ou Renan Calheiros (AL) para a relatoria geral do Orçamento de 1997.
Renan e Miranda, que formalmente negam que estejam disputando a relatoria do Orçamento do próximo ano, são aliados políticos do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP).
A Folha apurou que a equipe econômica e a cúpula do PSDB avaliam que qualquer um dos dois criaria problemas para o governo em relação ao Orçamento de 97.
Aumento de receita de impostos para obter mais recursos para emendas de parlamentares e privilégio para a construção de rodovias em detrimento da restauração são os principais temores do governo em relação aos dois parlamentares.
Nova divisão
Na Câmara dos Deputados, o interesse do PFL na abertura do mercado de telecomunicações à iniciativa privada fez o partido trocar a presidência da CCJ pela chefia da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.
A troca foi operada apesar de a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ser uma das mais importantes da Câmara, já que é a porta de entrada de todas as emendas.
Desemprego
Já o PSDB, partido de Fernando Henrique Cardoso, decidiu presidir a Comissão de Trabalho. A pressão dos tucanos para conseguir a presidência dessa comissão tinha como objetivo barrar uma estratégia do PT.
Os petistas pleiteavam a presidência da Comissão do Trabalho, numa tentativa de dar maior visibilidade à bandeira do desemprego. A questão é apontada como um dos principais problemas do Real.
Os governistas engavetaram outro pleito do PT. O partido pressionou para dirigir a Comissão de Agricultura e Política Rural, que trata da reforma agrária.
Dessa vez, coube ao líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), a missão de tirar dos petistas a chefia da Política Rural na Câmara.
Ele obteve a presidência da comissão e a entregou ao PTB, que forma com os pefelistas o maior bloco da Câmara.
Os novos presidentes das 16 comissões permanentes da Câmara assumiram na semana passada.
A cada nova sessão legislativa, todos os membros das comissões são trocados. Neste ano, os partidos optaram por uma escolha mais pragmática das comissões.
PMDB
O PMDB decidiu presidir a Comissão de Viação e Transportes em função de seus interesses: o Ministério dos Transportes é chefiado pelo peemedebista Odacir Klein.
Ao entregar ao PMDB esta comissão para presidir a Comissão de Comunicação, os pefelistas mostraram o quanto estão empenhados em comandar a abertura do setor de telecomunicações.
Segundo Inocêncio, a estratégia do PFL é agilizar a regulamentação do setor, impedindo que sejam aprovadas restrições ao setor privado, incluindo o capital externo.
Está tramitando na comissão, por exemplo, o projeto de lei que permitirá a participação do setor privado nas áreas de telefonia celular e transmissão de dados.

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