São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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País tem 600 mil 'guardas clandestinos'

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil tem hoje, totalmente fora de controle, um efetivo de 600 mil homens trabalhando clandestinamente em segurança privada. O número é mais de três vezes superior ao do Exército brasileiro (180 mil soldados).
O levantamento foi encaminhado ao ministro Nelson Jobim (Justiça) pela CNTV (Confederação Nacional dos Vigilantes).
Crianças e adolescentes são as principais vítimas dos vigilantes clandestinos, contratados sem a exigência de cursos ou de atestado de antecedentes criminais.
Só no último trimestre de 95, o Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal contabilizou seis crimes contra crianças e adolescentes praticados por esses seguranças.
Quatro adolescentes foram mortos pelo porteiro de um clube, um foi espancado pelos seguranças de um shopping, e o outro ficou tetraplégico depois de atingido pela bala de um vigia de prostíbulo.
Os empresários também constatam a escalada da clandestinidade nos serviços de segurança privada. "O aumento da violência no país fez crescer a contratação de jagunços", diz Lélio Carneiro, presidente da federação nacional das empresas de vigilância.
A Polícia Federal, encarregada de fiscalizar a segurança privada, afirma não ter nem homens nem recursos para fazer o serviço. A PF não consegue nem mesmo fiscalizar as 1.300 empresas legais, com registro no Ministério da Justiça.
Pela legislação aprovada em agosto de 95, a PF teria de fiscalizar, de três em três meses, um arsenal de 125 mil revólveres e escopetas nas mãos dos 500 mil homens que trabalham nas empresas legais.

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sobre segurança clandestina às págs. 2 e 3

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