São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Mulheres preferem homem para secretário

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um secretário homem é sempre mais disponível, menos suscetível e muito mais objetivo na execução do trabalho. A avaliação é de algumas mulheres que preferem ter rapazes a moças exercendo a função.
Todas acham melhor chamar os secretários de "assistentes" e explicam que, além de filtrar telefonemas e agendar compromissos, eles participam das atividades delas e quebram toda sorte de galhos.
"Meu assistente faz tudo que eu não posso ou não gosto de fazer", diz a fotógrafa Vânia Toledo, 49. "De ir ao banco até providenciar o conserto do carro e carregar o meu equipamento de fotografia."
Vânia está com Renato da Silva, 31, há dois anos e, antes dele, teve dois secretários: o último ficou com ela 8 anos e o anterior, 11.
"Quando precisei do Renato, procurei entre os rapazes", afirma Vânia. "Eles não choram por causa de namorada, nem perdem tempo com conversas pessoais. O meu trabalho não comporta isso", diz.
O da gerente de marketing da fábrica de bonecas Baby Brink, Tânia Roseghini, 48, também não. "Trabalho com homens há muitos anos", diz. "No início da minha carreira eu era encarregada do almoxarifado do Metrô e comandava 200 homens. Naquela época, já tinha um secretário."
Tânia diz que escolheu o atual "assistente", Fabiano Nogueira, 23, também por suas qualidades artísticas. "Além de filtrar telefonemas e agendar compromissos, ele é arquiteto e me ajuda a criar."
Na escolha, contudo, Tânia confessa que dá prioridade aos homens. "Eles me parecem mais disponíveis e objetivos", afirma. "Você pode precisar deles sem ouvir a desculpa de que têm de levar o filho ao médico."
A gerente de marketing da rede de joalherias Dryzun, Rosely Rosemberg, 40, também dá valor à disponibilidade. "Volta e meia me deparo com situações de emergência", diz.
Tanto quanto um secretário que estabelecesse prioridades na agenda e providenciasse pagamentos, Rosely precisou de alguém que a representasse. "Meu assistente vai até mesmo a coquetéis em que eu não posso ir", explica.
Ela deu a vaga a Fernando Munhoz, 21, quando teve de escolher entre uma secretária e um assistente que a ajudasse também nesses serviços externos. "Ele reunia experiência nas duas atividades", diz.
A experiência de Pedro Paulo da Silva, o Pepê, 47, ultrapassa os limites do escritório e do camarim da atriz Cláudia Raia, 29, com quem ele trabalha há 10 anos. "O Pepê sabe até o que eu gosto de comer no café da manhã e, se for necessário dar algum recado, entra no banheiro quando estou tomando banho", diz.
A propósito, Cláudia deixa claro que não existe possibilidade de se envolver emocionalmente. "Até porque o Pepê é gay", diz.
Essa é, segundo ela, uma das principais qualidades de seu secretário. "Ele tem discernimento e sensibilidade para arrumar minhas malas e separar a maquiagem que eu vou usar", diz.
"Não, o Pepê não é um camareiro", explica. "Ele me acompanha o tempo todo, organiza a fila de autógrafos no camarim, sabe da minha agenda e pega dinheiro com meu empresário quando preciso."
A diretora de vídeos Rita Moreira, 51, se diz feminista, mas acredita que a conquista de direitos prejudicou as mulheres. "Elas ficam afoitas para se afirmar e às vezes dá tudo errado", acredita. "Os homens são mais tranquilos."
No momento, ela trabalha com dois rapazes, um de 23 anos, e outro de 24. "A palavra é horrível, mas eu acho os homens mais 'obedientes"', diz (leia texto ao lado).

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