São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Equipe de Cavallo resiste em impor travas

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

Alvo preferencial dos investimentos de curto prazo até o final de 1994, a Argentina não chegou ainda a uma conclusão sobre o controle dos capitais voláteis.
A equipe econômica do ministro Domingo Cavallo se nega a impor travas, como o aumento das alíquotas de impostos para aplicações ou os limites aos investimentos de prazos menores.
A argumentação é baseada em fatos correntes. Segundo o Ministério da Economia, a Argentina registra atualmente maior volume de saída desses capitais.
Em 1995, por exemplo, o resultado final apontou fuga de US$ 2,5 bilhões. No primeiro semestre, a saída chegou a US$ 7,6 bilhões, segundo estimativas baseadas no balanço de pagamentos do país.
Apenas no último trimestre do ano, o mercado financeiro local voltou a obter resultado positivo, com o ingresso de US$ 1,5 bilhão.
Para o economista Juan Alemann, a volatilidade tenderá a cair no país com o aprofundamento do modelo de estabilidade econômica imposto por Cavallo.
"Tivemos 15 anos de inflação de três dígitos e passamos por várias políticas econômicas frustradas. É preciso dar tempo para esse plano ganhar mais confiança", afirmou Alemann à Folha.
Alemann discorda das medidas restritivas à entrada dos capitais. Acredita que a estabilidade econômica atraiu para a Argentina US$ 40 bilhões em investimentos.
Mas o controle da inflação não trouxe de volta para o país nem uma parcela dos US$ 46 bilhões de fundos de cidadãos argentinos aplicados no exterior.
"Toda política econômica deve perdurar além do mandato do presidente ou do ministro", afirmou, referindo-se às recentes discussões entre Carlos Menem e Cavallo.
O economista Roberto Lavagna, diretor da consultoria Ecolatina, se opõe a Alemamm e acredita que o controle da entrada de capitais voláteis impediria impactos desnecessários na economia local.
Para ele, a saída brusca de capitais voláteis do país gera queda absoluta no nível de produção e de produtividade da economia.
O diretor da Ecolatina argumenta ainda que a saída de capitais provoca desequilíbrio no sistema financeiro e pode levar até mesmo à falência de bancos.
(DCM)

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