São Paulo, domingo, 17 de março de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Equipe de Cavallo resiste em impor travas
DENISE CHRISPIM MARIN
A equipe econômica do ministro Domingo Cavallo se nega a impor travas, como o aumento das alíquotas de impostos para aplicações ou os limites aos investimentos de prazos menores. A argumentação é baseada em fatos correntes. Segundo o Ministério da Economia, a Argentina registra atualmente maior volume de saída desses capitais. Em 1995, por exemplo, o resultado final apontou fuga de US$ 2,5 bilhões. No primeiro semestre, a saída chegou a US$ 7,6 bilhões, segundo estimativas baseadas no balanço de pagamentos do país. Apenas no último trimestre do ano, o mercado financeiro local voltou a obter resultado positivo, com o ingresso de US$ 1,5 bilhão. Para o economista Juan Alemann, a volatilidade tenderá a cair no país com o aprofundamento do modelo de estabilidade econômica imposto por Cavallo. "Tivemos 15 anos de inflação de três dígitos e passamos por várias políticas econômicas frustradas. É preciso dar tempo para esse plano ganhar mais confiança", afirmou Alemann à Folha. Alemann discorda das medidas restritivas à entrada dos capitais. Acredita que a estabilidade econômica atraiu para a Argentina US$ 40 bilhões em investimentos. Mas o controle da inflação não trouxe de volta para o país nem uma parcela dos US$ 46 bilhões de fundos de cidadãos argentinos aplicados no exterior. "Toda política econômica deve perdurar além do mandato do presidente ou do ministro", afirmou, referindo-se às recentes discussões entre Carlos Menem e Cavallo. O economista Roberto Lavagna, diretor da consultoria Ecolatina, se opõe a Alemamm e acredita que o controle da entrada de capitais voláteis impediria impactos desnecessários na economia local. Para ele, a saída brusca de capitais voláteis do país gera queda absoluta no nível de produção e de produtividade da economia. O diretor da Ecolatina argumenta ainda que a saída de capitais provoca desequilíbrio no sistema financeiro e pode levar até mesmo à falência de bancos. (DCM) Texto Anterior: BID quer maior controle dos capitais voláteis na AL Próximo Texto: CPI: vaso trincado Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |