São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Indy estabelece de vez sua rivalidade com Fórmula 1

Organização espera mais de 50 mil pessoas no oval carioca

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A Indy testa hoje, a partir das 13h, sua popularidade no Brasil. Nesse horário, a categoria realiza sua primeira prova no país e estabelece, de vez, um antagonismo com a F-1.
Até aqui, a categoria européia, que realiza GPs no Brasil desde 1972, foi a única referência para o público brasileiro como evento de automobilismo de ponta.
Desde então, o público lotou os autódromos de Jacarepaguá, então com capacidade para 60 mil pessoas, e Interlagos, onde cabiam 55 mil, por mais de duas décadas.
Pela TV, as corridas de F-1 chegavam, facilmente, a picos de 40 pontos de audiência.
Há um ano, porém, o público vem sendo bombardeado com a promoção de uma outra categoria.
Com um contingente de sete pilotos nacionais, a Indy passou a entrar nos lares nacionais pelo SBT, após passar anos escondida entre a Bandeirantes e a Manchete.
Com a F-1 em baixa, após a morte de Ayrton Senna, a emissora soube capitalizar a torcida órfã de ídolos e "acostumou" os espectadores às regras da categoria.
Mas não atingiu a média de audiência da F-1. Quando se chegava a 11 pontos, já era uma grande vitória.
Com o esforço de Emerson Fittipaldi, a pressão do SBT e o argumento convincente de USŸ 100 milhões em investimentos de empresas no Brasil, a IndyCar, entidade dirigente da Indy, concordou em realizar uma corrida no Rio.
A empresa organizadora da prova, a Intag, jamais se destacou pela promoção de qualquer evento.
Entrou na história como marinheiro de primeira viagem e corre o risco de até tomar um prejuízo.
Mas seu dono e presidente, Jorge Cintra, pouco liga. "Foi um ano de aprendizado", diz.
"Se houver 50 mil pessoas aqui no domingo, terá sido um sucesso", afirmou Cintra na sexta-feira, quando já havia 52 mil ingressos vendidos dos 70 mil disponíveis.
Pelo raciocínio, o evento já obteve êxito. Mas a prova precisa passar por dois testes para sua aprovação.
O primeiro é contar com a ajuda dos céus. Uma chuva arruinaria tudo. A IndyCar proíbe, por questões de segurança, provas em ovais com pista molhada.
O segundo é a emoção da corrida. Se for como a primeira do ano, no dia 3, em Homestead (EUA), o tédio tomará as arquibancadas devido ao excesso de interrupções com bandeira amarela.
Em relação à TV, 14 pontos de audiência já serão comemorados por Jorge Cintra. O SBT aposta em um esquema que envolve 270 pessoas.
Um terceiro fator, que não depende da organização, consagraria a Rio 400: uma vitória brasileira.
A julgar pelos primeiros treinos, André Ribeiro e Gil de Ferran têm chances, mas o mais rápido até sexta-feira foi uma grande zebra. O italiano Alessandro Zanardi, um refugo da Fórmula 1, dominou o circuito.

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