São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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A era da eficiência

ÉLBIO FERNANDEZ MERA

As cidades são frutos de diversos fatores associados: culturais, ambientais, econômicos, educacionais, urbanísticos e, especialmente, administrativos.
O modelo de administração municipal tem o poder de aprimorar ou destruir por completo tais fatores, pelo simples fato de definir como se dá a vida das pessoas nas cidades. Ou seja, diante de uma administração pública participativa e eficiente, a coletividade reage de forma positiva.
Em Curitiba, por exemplo, a população tem um comportamento comprometido com o bem comum. Comportamento que se observa no lixo que não é jogado nas ruas e na preservação dos patrimônios públicos, como é o caso dos transportes coletivos.
Na Europa, Canadá e Estados Unidos, outros exemplos de igual natureza podem ser apontados. Resta a indagação: por que tal fato não se repete nas demais cidades do Brasil?
A resposta é que a maioria das administrações municipais ainda é hermética, convencional.
Poucos são os municípios que se abriram à participação direta da comunidade, como agora estão fazendo cidades como Praia Grande, Pelotas e Campinas.
Por trás desse hermetismo, muitas vezes se esconde a ineficiência. A Fiabci/Brasil, na sua missão de levantar idéias e soluções bem-sucedidas em diferentes países, vem identificando diversos modelos que o país pode adotar.
Assim aconteceu com os Fundos de Investimento Imobiliário, as Operação Interligadas e o Projeto Cingapura, que está sendo desenvolvido em São Paulo e é voltado à erradicação de favelas.
Nessa busca permanente, a Fiabci/Brasil identificou uma forma de as cidades brasileiras abandonarem práticas ultrapassadas e adotarem a administração por resultados: a gerência profissional.
Toronto e Vancouver, no Canadá, Salinas, Miami, Las Vegas, Nova York e mais outras 3.000 cidades nos Estados Unidos já adotaram esse sistema.
Nelas, a administração é realizada por um profissional, o "city manager", que, sem qualquer vínculo partidário, tem a missão de planejar e executar os programas desenvolvidos.
O "city manager" trabalha apoiando as diretrizes traçadas pelos prefeitos e devidamente acompanhado por um conselho municipal -órgão similar às nossas Câmaras Municipais.
A grande diferença é que seus membros participam voluntariamente, sem receber honorários.
Percebe-se que existe uma saída viável e moderna para melhor ordenar as cidades e, sem improvisos ou "achismos", mas com profissionalismo, elevar a qualidade de vida da população.
É um saída que depende de radical mudança de pensamento, importando para a administração da coisa pública os melhores conceitos da administração empresarial.
É preciso ter em mente que o sucesso das cidades é o sucesso dos cidadãos. Portanto, tudo o que puder contribuir nessa direção pode e deve ser adotado por aqueles que têm a responsabilidade de gerir os processos que interferem na vida de todos nós.

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