São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Urbanização "resgata" turistas antigos

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

As iniciativas da prefeitura de urbanizar a Praia Grande despertaram o interesse em turistas de classe média e investidores, incluindo empresas do ramo imobiliário.
Um bom exemplo é a Real, uma das principais imobiliárias da Baixada Santista. Após 31 anos de atuação na região, a empresa está fazendo pela primeira vez um lançamento em Praia Grande.
Trata-se do primeiro condomínio fechado da cidade, que começa a ser construído no meio do ano.
O condomínio, na praia do Forte, terá oito edifícios, com apartamentos de três dormitórios e suíte. As vendas já se iniciaram.
'Guarujá está decaído'
A gerente de vendas Márcia de Angelo, 36, de São Paulo, diz ter optado por Praia Grande depois de procurar um imóvel no Guarujá e na Riviera de São Lourenço.
Ela diz que a superlotação do Guarujá a desagradou. "O Guarujá tem charme, mas está decaído." Márcia comprou por R$ 90 mil um apartamento de dois quartos na praia da Aviação, em Praia Grande.
O cirurgião-dentista Uriel Romero Bernal, 38, de São Paulo, voltou a ter apartamento de veraneio em Praia Grande em 1994, depois de ter desistido da cidade.
"Vinha aqui desde 1961, mas minha família não quis voltar mais por causa do acúmulo de população e da falta de infra-estrutura."
Bernal trocou então o imóvel na praia por uma casa no campo. Mas, ao saber das obras de urbanização, vendeu a casa no interior e voltou a apostar em Praia Grande.
"Hoje não troco mais. Com praia limpa e infra-estrutura, qual a diferença entre Praia Grande, Guarujá ou Bertioga?"
Contra 'farofeiros'
A prefeitura também dificultou ao máximo o acesso de turistas de um único dia -os chamados "farofeiros". "Colocamos rédea na farofa e trouxemos de volta o turista que tem casa na cidade e a tinha abandonado", diz o prefeito Alberto Mourão (PMDB), 41.
O que Mourão chama de "rédea" é uma taxa de R$ 1.700 a ser paga por cada ônibus de excursão que entrar na cidade. Esses ônibus também estão proibidos de estacionar próximas à orla e o único terminal para recepção de turistas de baixa renda foi fechado em 93.
(FS)

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