São Paulo, segunda-feira, 18 de março de 1996 |
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Nacional fez operações fictícias até o dia da intervenção do BC Notícia-crime começa a ser examinada hoje no Rio ABNOR GONDIM
A informação consta da notícia-crime do BC, que começará a ser examinada hoje no Rio de Janeiro pelos procuradores que conseguiram na Justiça Federal a prisão preventiva do ex-vice-presidente do Nacional Clarimundo Sant'Anna, na sexta-feira passada. Segundo o documento, até o dia da intervenção, o Nacional maquiou suas contas com o suposto pagamento de juros pelas empresas cujos nomes foram usados nos empréstimos irrecuperáveis ou inexistentes. "Essas operações permaneceram como de curso normal de 1987 até 18/11/95", aponta o documento, "embora fossem operações de curso anormal, passíveis de compensação em provisão e prejuízo". Isso quer dizer que, como os devedores desses empréstimos não existiam, ou já tinham sido cobrados judicialmente, o Banco Nacional deveria ter contabilizado esses créditos como prejuízo e não como lucro obtido na cobrança de juros. Reunião com Loyola A notícia-crime aponta que o Nacional continuou a manipular as contas mesmo depois de seus dirigentes se reunirem com o presidente do BC, Gustavo Loyola, em agosto e outubro. Nessas reuniões, a direção do Nacional informou que enfrentava problemas com a sua carteira de créditos. Ao depor no Senado, no último dia 5, Loyola disse que em nenhum momento o ex-presidente Marcos Magalhães Pinto e o ex-vice-presidente Clarimundo Sant'Anna fizeram "confissão da fraude". Para os procuradores da República que investigam o caso Nacional, a conduta dos ex-dirigentes do banco já é motivo de sobra para o governo suspender o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Bancário), que injetou R$ 5,8 bilhões para a incorporação do Nacional pelo Unibanco. Notícia-crime A notícia-crime tem cerca de 700 páginas. Nela, consta a relação dos 652 devedores do banco, divulgada pela Folha com exclusividade no dia 3 de março. "São empresas falidas, concordatárias ou desaparecidas, não sendo encontrados os seus responsáveis e avalistas", diz o BC. Os procuradores Artur Gueiros, Alex Miranda, Silvana Góes e Rogério Nascimento, responsáveis por investigar a contabilidade paralela do Nacional, se reúnem pela manhã no Rio e decidirão se oferecem denúncia contra Marcos e seu irmão Eduardo Magalhães Pinto. A notícia-crime enquadra os banqueiros em quatro artigos da lei 7.492/86 (Lei do Colarinho Branco). O advogado dos irmãos, Sérgio Bermudes, disse ontem que ainda não definiu como será a defesa caso o Ministério Público resolva oferecer denúncia contra seus clientes. Colaborou a Sucursal do Rio Texto Anterior: Banco antecipa balanço para fugir do IR Próximo Texto: PPB ainda se divide sobre CPI dos bancos Índice |
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