São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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FHC teme fracasso do Real e da democracia, diz Motta

GILBERTO DIMENSTEIN
DANIELA FALCÃO

GILBERTO DIMENSTEIN; DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Ministro acha que CPI dos Bancos pode se tornar 'pirotecnia política'

O ministro das Telecomunicações, Sérgio Motta, afirmou ontem à Folha que o presidente Fernando Henrique Cardoso teme que uma eventual instabilidade econômica provocada pela volta da inflação acabe com a democracia no país.
Segundo Motta, o fracasso do plano de estabilização econômica causaria tamanha decepção popular que poderia trazer de volta o fantasma do autoritarismo, independe da vontade política do governo federal.
Motta manifestou seu temor ao analisar a necessidade da implantação das reforma institucionais, segundo ele, que garantirão o sucesso do plano. O ministro também citou os riscos que uma eventual CPI do sistema financeiro traria à estabilidade econômica.
Disse que a CPI dos bancos seria produtiva, desde que se "limitasse a aspectos técnicos."
"Acho que há um grande risco de a CPI se tornar um palco de pirotecnia política". Segundo ele, a pirotecnia serviria para colocar em xeque a autoridade monetária que é o Banco Central, gerando instabilidade. Motta afirma confiar que o plano não fracassará e que contribuirá para a reeleição de FHC.
O ministro afirmou que a opinião pública brasileira sofreu "decepções sucessivas com os governos de Sarney e Collor, marcadas por ondas inflacionárias e recessão" e que FHC foi a quebra deste processo.
"Se houver volta da inflação ou recessão, a democracia estará ameaçada porque ninguém suportará a decepção. E uma opinião pública decepcionada com a democracia volta acreditar no autoritarismo."

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