São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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FHC dará ministério a PPB para obter apoio à reforma

DENISE MADUEÑO
GABRIELA WOLTHERS

DENISE MADUEÑO; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Governo pode criar ministro extraordinário para partido de Maluf

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu que o PPB terá um ministério. O acerto com o partido será feito até quinta-feira, antes da votação da reforma da Previdência.
Para encaixar o partido no governo, FHC não descarta a criação de um ministério extraordinário. O ministério atende à reivindicação do partido, que condicionou o apoio à reforma a uma participação política maior no governo.
Quinta-feira foi considerada a data limite porque o governo quer votar o primeiro turno da emenda da Previdência antes da convenção do PMDB, marcada para o próximo fim-de-semana.
O PPB ficou encarregado de indicar o nome do futuro ministro. O governo já sinalizou, no entanto, que o deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), sempre cotado para o lugar da ministra Dorothea Werneck (Indústria e Comércio), está desgastado em razão das críticas que vem fazendo à pasta.
Dependendo do nome é que será decidido o ministério que caberá ao partido. Essa definição não precisa ser feita na quinta.
O governo considera que a garantia do cargo será suficiente para conseguir os votos favoráveis dos pepebistas à reforma.
O partido, que forma o bloco com o PL, tem 97 votos. Desses, 31 votaram contra o governo, 2 se abstiveram e outros 2 faltaram à votação do último dia 6.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que o governo não pretende fazer uma reforma ministerial e que jamais recebeu qualquer pressão do PPB, "embora seja um partido do governo".
FHC se reuniria ontem à noite com o presidente do partido, Esperidião Amin (SC), e os líderes do PPB na Câmara e no Senado. Também estariam presentes os presidentes dos partidos aliados -Jorge Bornhausen (PFL) e Arthur da Távola (PSDB).
O vice-líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), afirmou que, sem a garantia dos votos do PPB, a proposta de reforma não será votada.
"O PPB é um problema político que tem de ser resolvido antes da votação. É arriscado votar sem o apoio do partido", disse Madeira.
"Se o PPB quer um ministério, a reivindicação é legítima. O partido quer participar politicamente do governo. É o óbvio", afirmou o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
A pressa do governo em votar antes do fim de semana é para tentar evitar dissidências no PMDB.
Os líderes governistas consideram que o presidente peemedebista, Paes de Andrade (CE), tentará aprovar uma posição contra a reforma na convenção de domingo.
A estratégia é aprovar a emenda até lá e enfraquecer a posição de Paes, um dos maiores opositores da reforma.
Hoje, os líderes governistas se reúnem com FHC para analisar o mapa de votação.

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